Transações em moedas nacionais, como yuan e rublo, estão cada vez mais presentes | Foto: Reprodução

O governo Chinês responde a ameaças comerciais de Trump apontando o uso do dólar pelos Estados Unidos para desestabilizar os mercados globais e como arma de coerção contra outros países que não se submetem a seu hegemonismo de sua moeda. O presidente eleito dos EUA. Donald Trump, recentemente fez ameaças aos países membros do BRICS, de que irá impor tarifas escorchantes se uma política de desdolarização for posta em prática pelo grupo de países.

“A ideia de que os países do BRICS estão tentando se afastar do dólar enquanto nós ficamos parados e assistimos acabou”, perorou Trump. Ele está ameaçando impor tarifas de 100% em produtos de países do BRICS se eles criarem uma moeda própria para uso em transações comerciais de seus países.

“Os EUA há muito usam sua hegemonia do dólar para influenciar crises, espalhar a inflação dos EUA para outras partes do mundo e torná-la uma ferramenta geopolítica, que prejudica a estabilidade econômica e financeira internacional e perturba a ordem internacional”, disse Liu Pengyu, porta-voz da Embaixada da China nos EUA, ao rechaçar a guerra comercial que Trump ameaça deslanchar.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também se manifestou contra as ameaças de Donald Trump. Durante a abertura do 15º Fórum de Investimentos do banco estatal VTB, ele disse que a culpa pela queda do dólar é do próprio EUA. Foram os próprios norte-americanos, ao insistirem em impor sanções a outros países, que provocaram a redução do uso do dólar como moeda de troca.

“Eles fizeram muito para minar as bases fundamentais do dólar como moeda de reserva mundial e, em primeiro lugar, fizeram isso com suas próprias mãos usando o dólar como uma ferramenta de luta política ou talvez armada,” disse Putin.

“Eles queriam infligir uma derrota estratégica à Rússia, inclusive na economia, mas não tiveram sucesso. Esses planos claramente falharam”, disse ele.

“Em vez disso, eles nos negaram seu uso e, como dizemos aqui, cada um colhe o que semeia. O que aconteceu foi que o próprio dólar sofreu,” completou.

Sobre a questão, o chanceler russo Sergei Lavrov costuma comentar que os norte-americanos, com suas sanções, estão cortando o próprio galho sobre o qual estão sentados.

Afinal, se Washington surrupia US$ 300 bilhões das reservas internacionais (sob guarda de bancos ocidentais) de uma superpotência nuclear como a Rússia, que país pode ter certeza de que não poderá ser a próxima vítima?

Como disse Putin, são os próprios norte-americanos que estão minando o que De Gaulle, já nos anos 1960, chamava de “privilégio exorbitante” dos Estados Unidos – em resumo, a capacidade de pagar suas contas e dívidas simplesmente emitindo moeda.

O BRICS é um grupo de países que em conjunto já representam 31,5% do PIB mundial em paridade de compra em oposição ao G7 representando 30% do PIB mundial. Os países membros do BRICS também compõe mais de 40% da população do mundo e recentemente adicionaram a Etiópia, o Egito, o Irã e os Emirados Árabes Unidos na lista de países membros.

Recentemente, a China embargou exportações aos EUA de minérios como gálio, germânio e antimônio, essenciais para a fabricação de semicondutores, armamentos e o desenvolvimento do setor aeroespacial. É a resposta do governo chinês aos embargos que o governo americano impôs aos chineses na indústria de semicondutores, aliados dos EUA não poderão fazer comércio com os chineses em áreas que envolvam a fabricação de semicondutores sob risco de retaliação do governo americano.

No ano passado, o executivo-chefe do conglomerado armamentista Raytheon, Greg Hayes, disse que é impossível a empresa desacoplar da China, que “95% dos materiais ou metais de terras raras vêm ou são processados na China” e que mais de “US$ 500 bilhões em comércio vem da China para os EUA todos os anos.”

Fonte: Papiro