PUC de São Paulo cria comissão para apurar conduta racista de estudantes de Direito
Após episódio envolvendo discriminação racial e de classe, por parte de estudantes de Direito da PUC-SP contra alunos da USP, a direção da instituição privada determinou, nesta segunda-feira (18), a instauração de uma comissão para apurar o ocorrido, em até 40 dias, e decidir sobre a expulsão dos alunos.
Em nota publicada um dia antes (17), a reitoria afirma que determinou a apuração dos fatos, “com o rigor necessário, a partir das normas universitárias e legais, promovendo a responsabilização e conscientização dos envolvidos”.
O comunicado diz, ainda, que a PUC-SP “promove a inclusão social e racial, por meio de programas de bolsas na graduação e na pós-graduação, bem como de permanência dos estudantes bolsistas. Além disso, participa desde a criação das políticas públicas de inclusão como o Prouni e o Fies”.
A decisão é uma resposta à postura elitista e preconceituosa de alunos da faculdade que, durante os Jogos Jurídicos, no sábado (16), em Americana (SP), insultaram estudantes da USP usando, de maneira pejorativa, os termos “cotista” e “pobre”. O Ministério Público de São Paulo está acompanhando o caso.
Em nota conjunta, entidades estudantis — entre as quais a UNE e a UEE — informaram que estão articulando com outras entidades jurídicas e do movimento negro a “responsabilização criminal dos autores desses atos racistas”.
Além disso, ressalta que “não podemos permitir que atitudes como essas continuem a se repetir sem as devidas consequências, pois são reflexo de uma sociedade que ainda marginaliza os corpos negros e pessoas provenientes de grupos historicamente oprimidos”.
Por meio de nota, o Centro Acadêmico 11 de Agosto, dos estudantes de Direito da USP, destacou que “atos como esses explicitam a violência que estudantes cotistas enfrentam ao ocupar espaços que historicamente lhes foram negados.”
Disse, ainda, que “é nas academias de direito que se formam os profissionais que deveriam operar contra as injustiças, injúrias e preconceitos de classe e raciais”.
Após o ocorrido, Tatiane Joseph Khoury, de 20 anos — uma das estudantes que apareciam em vídeo ofendendo os alunos da USP —, foi demitida do estágio que fazia em um escritório de advocacia.
Com agências