Operação Escudo, no Guarujá. Foto: divulgação

A piora na atuação violenta dos agentes de segurança pública de São Paulo, sob o governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos), vem deixando um rastro de dor e morte para as populações mais vulneráveis e jovens. Para além do noticiário, esta realidade é atestada também em números: desde o primeiro ano da atual gestão, 2023, policiais (militares e civis) tiraram a vida de ao menos 69 jovens menores de 18 anos; 68% das vítimas eram negras. 

Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz a pedido do UOL. De acordo com as informações obtidas, as mortes decorrentes de ações desses agentes somaram 38 no ano passado; até setembro deste ano, houve outras 31. 

O salto registrado foi de 58,3% em relação ao último ano do mandato anterior, do então governador Rodrigo Garcia, quando houve 24 mortes de menores de 18 anos resultantes de intervenções policiais. 

Ainda segundo o estudo, 58% dessas vítimas eram pardas e 10% pretas, o que resulta em 68% de negros. Os outros 32% foram classificados como brancos. 

A maioria das vítimas, 12, tinha 17 anos; em seguida, estão os jovens de 16 anos, com 11 casos; com 15 anos, foram cinco mortes e com 14 anos, três.

Tais dados são reflexo da necropolítica adotada e estimulada pela extrema-direita. Uma das medidas tomadas por Tarcísio foi a flexibilização quanto ao uso das câmeras corporais, que foram responsáveis por uma queda expressiva na letalidade policial no governo anterior. 

Durante a gestão do bolsonarista, em 2023, o estado voltou a registrar aumento nas mortes cometidas por policiais, com 504 casos, número já superado neste ano, que ainda não terminou: até setembro, haviam sido contabilizadas 580 vítimas fatais. 

No dia 10, após missa celebrada em homenagem ao menino Ryan Santos, de quatro anos, morto em ação da PM em Santos no início do mês — ação que resultou ainda na morte de um adolescente de 17 anos e no ferimento de outro de 15 anos —, o ouvidor da polícia de SP,  Cláudio Aparecido da Silva, declarou que PM tem retirado as câmeras em algumas operações, “principalmente na Baixada Santista”. A região foi o foco de uma das operações mais letais da polícia paulista, com 56 mortes. 

Com agências