Foto: Sérgio Lima/AFP

No momento em que as investigações, pela PF (Polícia Federal), avançam sobre a tentativa de golpe de Estado, em 8 de janeiro de 2023, surgem mais fatos e detalhes escabrosos sobre o evento.

Com a ajuda de um software, a PF recuperou arquivos eletrônicos apagados pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que revelam minúcias do golpe frustrado de 8 de janeiro de 2023.

As informações resgatadas provocaram a convocação de novas testemunhas, entre elas um general kid preto — das forças especiais do Exército — e o ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Alexandre Ramagem, durante o governo Bolsonaro.

O tema é um dos destaques do episódio desta semana do “A Hora”, podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo, disponível nas principais plataformas.

Novos elementos foram encontrados no computador e celular de ambos, o que adiou a conclusão do inquérito.

Nos arquivos de Mauro Cid, mensagens com teor golpista foram confiscadas para inclusão no inquérito, com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal).

A PF, agora, avalia se precisará que Cid explique esses itens — esses foram apagados do computador do militar —, mas agentes conseguiram recuperá-los.

As minúcias da preparação do golpe incluíram — segundo apuração com fontes ligadas à investigação — o levantamento dos nomes, das rotinas e até do armamento usado pelos responsáveis pela segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O mesmo trabalho foi feito em relação aos seguranças do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

O planejamento do golpe previa, portanto, a abordagem e captura de Lula e de Moraes pelos golpistas.

Pelo tipo de informações coletadas por eles, fica evidente que os golpistas se preparavam para a eventualidade de confronto armado e violento, com os seguranças do presidente e do ministro.

No dia da tentativa de golpe, nem Lula, nem tampouco Moraes estavam em Brasília. Lula havia viajado para Araraquara, no interior de São Paulo, e Moraes tinha ido para Paris, França.

Delegado federal e candidato derrotado a prefeito do Rio de Janeiro, o deputado bolsonarista Alexandre Ramagem (PL-RJ) dirigiu os arapongas da Abin por nomeação de Bolsonaro.

Ele foi convocado e prestou depoimento à PF, nesta semana, no inquérito sobre o golpe.

No dia seguinte a Ramagem, prestou depoimento à PF, o general do Exército Nilton Diniz Rodrigues.

Atualmente, ele comanda a Segunda Brigada de Infantaria de Selva, baseada em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas.

Na época do golpe, ele ainda era coronel.

Condecorado com a medalha do Pacificador, entre outras, Diniz Rodrigues se formou no curso de Forças Especiais em 1998.

A descoberta das minúcias do golpe levou Alexandre de Moraes a prorrogar o inquérito, que está na reta final da investigação, por mais 60 dias.

Logo, o eventual indiciamento dos líderes golpistas, dos executores e dos financiadores só deve ocorrer no final de dezembro ou no começo de 2025.

Jair Bolsonaro é um dos investigados. Mesmo antes de ser denunciado à Justiça, trabalha para ser anistiado pelo Congresso. Todavia, dificilmente esse intento terá êxito, inclusive porque a decisão final desse processo é do Supremo.

Fonte: Página 8