Terrorista no STF | Foto: Reprodução

O autor do atentado terrorista, com explosivos, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, na última quarta-feira (13), Francisco Wanderley Luiz, conhecido como Tiü França, filiou-se ao PL (Partido Liberal) para ser candidato a vereador, em Rio do Sul (SC), em 2020.

Isso, por causa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo o presidente da sigla no município à época, Eduardo Marzall.

“Ele queria entrar na política para fazer alguma coisa de diferente. Claro que ele tinha um apreço muito grande pelo [ex-presidente Jair] Bolsonaro (PL). Ele sempre falava que o Judiciário, no geral, era uma coisa que incomodava ele muito”, disse.

Marzall, 55 anos, ocupa a função de vogal na sigla e relata conhecer Francisco Wanderley desde a idade de 16, cerca de 40 anos. “Ele era um homem equilibrado e correto”, comentou. A notícia o chocou e a todos os 72.587 habitantes do lugar. “Ficamos todos assustados. Ele era um cara pacato de uma cidade do interior. A cidade está toda estarrecida”, afirmou.

Numa tentativa de dissociar o atentado da última quarta-feira de Bolsonaro, aliados do ex-presidente lembram que o bolsonarista-bomba se filiou ao PL apenas em 2021, e Francisco Wanderley foi candidato em 2020. No meio daquele período, porém, o PL havia embarcado na gestão Bolsonaro. Além do mais, ele já era bolsonarista.

Em outubro, o ex-chefe do Executivo indicou o então senador Jorginho Mello (PL-SC) como vice-líder do governo no Senado. Mello tornou-se um dos principais aliados dele ao longo do tempo, e usando essa bandeira, foi eleito governador de Santa Catarina, em 2022.

Boa parte da motivação de Tiü França na política, recorda Marzall, vem do interesse dele por Bolsonaro. “Ele era mais bolsonarista do que outra coisa”, lembra.

O contato entre os 2 se arrefeceu com o tempo. A última recordação de contato com ele, disse, foi em 2022. Segundo o relato, Tiü França já defendia, por exemplo, a pauta do voto impresso, impulsionada por Bolsonaro. Marzall também acredita que ele agiu como suposto “lobo solitário”.

O Estadão também revelou que o filho de Tiü França, Chairon Luiz, votou em Bolsonaro para presidente no segundo turno, em 2022, e postou foto no perfil nas redes digitais.

Ele cometeu crime eleitoral com essa atitude e pagou multa de R$ 606.

Como mostrou o Estadão, o irmão de Tiü França, Valdir Rogério Luiz, notou que ele passou por processo de fascistização e que o ataque teve motivações políticas.

“O gatilho começou 2 anos atrás, na polarização. As pessoas deixam se levar. Ele tinha uma causa, deixou escrito. Às vezes, existe uma motivação que acaba motivando as pessoas. A polarização é exemplo”, disse.

O autor do ataque já esteve na Câmara dos Deputados e visitou o gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC) no ano passado. Eles são do mesmo Estado, Santa Catarina. Goetten disse que conhecia Francisco Wanderley da cidade de Rio do Sul (SC) e que ele estava visivelmente “alterado”, já em 2023.

Horas antes de realizar o atentado, o bolsonarista-bomba publicou mensagens com ataques às autoridades dos Três Poderes, repletas de teorias conspiratórias de extrema-direita.

A PF (Polícia Federal) segue investigando o ato terrorista para descobrir se Francisco Wanderley Luiz agiu sozinho ou estava sob estrutura com a participação de outras pessoas. Pelo menos sabe-se que tem um líder: Bolsonaro.

Segundo informações que foram surgindo ao longo das investigações preliminares, ele estava bem estruturado em Brasília. Alugou casa em Ceilândia, 36 quilômetros do centro, gastou de cerca de R$ 1 mil com os artefatos. Tinha um trailer perto do STF, carro. Como que um chaveiro, essa era a profissão inicial do lobo bolsonarista, trabalhador autônomo, tinha toda essa logística? Sem contar que ele já estava morando no DF há cerca de 6 meses. É preciso esclarecer essas incógnitas.

Fonte: Página 8