Brasil e China firmam parceria para expandir internet via satélite
O governo brasileiro assinou nesta terça-feira (19) um acordo com a empresa chinesa de telecomunicações SpaceSail, concorrente da Starlink, de Elon Musk. Segundo o governo, a SpaceSail está desenvolvendo um serviço de internet de alta velocidade por meio de um sistema de satélites de órbita baixa da Terra (LEO, por sua sigla em inglês).
Os contatos entre a SpaceSail e o Brasil começaram oficialmente em meados de agosto. No dia 20 daquele mês, uma comitiva liderada pelo presidente da empresa, Jie Zheng, reuniu-se com representantes do governo brasileiro. Entre eles, o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Os termos do acordo entre a Telebrás e a empresa chinesa sinalizam a intenção de cooperação entre a empresa brasileira e a SpaceSail. No Brasil, a Starlink, de Elon Musk, detém 45,9% do mercado de internet via satélite, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O Brasil pretende quebrar esse monopólio com o atual acordo assinado com a empresa chinesa.
A Starlink, cujo dono entrou para o governo de Donald Trump, é considerada praticamente nos dias de hoje uma empresa militar americana, já que boa parte de seu faturamento vem de contratos com o Pentágono, o Departamento de Estado e as Forças Armadas dos EUA. Além de ser a única a fornecer internet de banda larga para pessoas físicas em áreas isoladas, ela também fornece conexão para embarcações da Marinha, instalações militares do Exército e para plataformas e navios da Petrobrás.
“Estamos construindo aqui esse acordo para que eles possam estar o mais breve possível ofertando esse serviço. Após o cumprimento de todas as regras de legislação, eles vão estar sendo autorizados pela agência a operar”, disse o ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Para operar no país, a SpaceSail vai precisar abrir um CNPJ e entrar com a documentação na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) – responsável por autorizar a empresa a prestar serviços no Brasil.
A SpaceSail tem 40 satélites em órbita e pretende lançar mais 648 nos próximos 14 meses. Até 2030, a empresa pretende ter 15 mil satélites orbitando o planeta. “Após esses 648 satélites já estarem no espaço, eles já teriam condições de começar a ofertar serviços no Brasil”, disse o ministro em conversa com jornalistas nesta terça-feira (19).
O governo chinês está investindo na ampliação de seu sistema de satélites próprios também por questões de segurança. A Starlink, por conta de deter sozinha a tecnologia de foguetes recuperáveis, controla hoje a órbita baixa da Terra. O presidente da Telebrás, Frederico Siqueira Filho, explicou que a empresa pretende colocar a sua infraestrutura à disposição da SpaceSail. São recursos como datacenters e redes de fibra ótica, explicou.
“Fizemos o memorando de intenção justamente para iniciar as tratativas. A gente coloca a nossa infraestrutura à disposição justamente para ver se faz sentido para que eles possam operar no Brasil”, afirmou. Além da SpaceSail, a Telebrás tem parcerias com outras empresas que oferecem internet por satélite. O acordo foi assinado depois que o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, visitou a China no último mês.
Na ocasião, o ministro disse em suas redes sociais que a SpaceSail ofertaria os seus serviços no Brasil “em breve”. “Queremos ampliar a oferta de satélites de baixa órbita no Brasil e assim contribuir para a expansão da conectividade e levar internet a mais brasileiros, principalmente aqueles que vivem em áreas remotas”, disse Juscelino em outubro.
A tecnologia oferecida pela SpaceSail é similar à da Starlink do bilionário Elon Musk – que recentemente agrediu as autoridades brasileiras. A Starlink tem autorização da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para operar no Brasil e fornece praticamente sozinha os serviços de internet via satélite para áreas remotas.
Fonte: Página 8