Trabalhadores da Volkswagen na Alemanha param contra plano para fechar fábricas
A Volkswagen alemã planeja fechar três fábricas, o que, se efetivado, causará a demissão de milhares de funcionários. Também está destinada a reduzir o número de trabalhadores nas demais unidades que mantém no país, afirmou Daniela Cavallo, diretora do Comitê de Trabalho do Grupo Volkswagen.
“A gerência está falando muito sério a respeito disso. Não é barulho durante a rodada de negociação coletiva […] todas as fábricas alemãs da VW são afetadas por isso. Nenhuma delas está segura”, frisou a diretora do Comitê.
Daniela admitiu, perante várias centenas de funcionários da fábrica da montadora em Wolfsburg, nesta segunda-feira, 28, que “este é o plano do maior grupo industrial da Alemanha para evitar a liquidação em seu país de origem”.
A maior fabricante de automóveis do mundo também planeja cortar 10% dos salários e suspender benefícios como bônus, além de propor um congelamento salarial pelos próximos dois anos.
Essas propostas foram recebidas com rejeição por parte do sindicato da categoria, o IG Metall, que exige, em contrapartida, um aumento salarial de 7% ao ano.
TRABALHADORES PROTESTAM EM 11 FÁBRICAS
A reação dos trabalhadores não se fez esperar: interromperam a produção em onze unidades produtivas da Volkswagen na Alemanha em protesto contra esses planos de redução de custos, segundo a publicação alemã Handelsblatt.
O sindicato dos metalúrgicos IG Metall, que representa a maioria dos trabalhadores da VW na Alemanha, prometeu se opor a qualquer fechamento de fábrica. “Esta é uma facada profunda no coração da força de trabalho da VW”, assinalou Thorsten Gröger, gerente distrital do sindicato da IG Metall no Estado da Baixa Saxônia, onde a empresa está sediada.
“Queremos garantir as instalações, a utilização da capacidade e os empregos no longo prazo. Se a diretoria quiser anunciar o fim na Alemanha, eles devem esperar uma resistência que não podem imaginar”, afirmou Gröger.
Segundo a Bloomberg, a Volkswagen emprega cerca de 650 mil pessoas em todo o mundo, quase 300 mil delas na Alemanha.
A indústria automotiva opera um total de dez fábricas na Alemanha, seis das quais estão na Baixa Saxônia, três no Estado da Saxônia e uma em Hesse.
CONTRAÇÃO DA ECONOMIA DA ALEMÃ
O descalabro que atinge a VW pôs fim a um acordo de segurança de emprego junto a sindicatos trabalhistas que estava em vigor há mais de 30 anos, o que significa que as demissões poderão ocorrer a partir de meados de 2025. O anúncio foi visto como um sinal extremamente preocupante para a economia do país como um todo.
A Volkswagen jamais havia fechado uma fábrica na Alemanha, e há mais de três décadas não fecha uma de suas unidades em qualquer lugar do mundo.
A maior economia da União Europeia (UE) irá se contrair pelo segundo ano consecutivo devido ao corte decidido pelo governo de Olaf Scholz no fornecimento do gás e do petróleo russos, dos quais é um dos maiores usuários europeus, segundo o jornal Sueddeutsche Zeitung, que confirmou com o Ministério da Economia a previsão de uma recessão de 0,2% neste ano. A contração no ano passado já havia sido de 0,3% no ano, enquanto a inflação segue pesando no bolso dos consumidores.
Conforme reconheceu o governo alemão, os preços da energia dispararam após Berlim começar a fazer o jogo dos Estados Unidos ao lado da Ucrânia em 2022, e parar de importar esses bens de primeira necessidade, fazendo a produção industrial alemã despencar 5,3% entre julho de 2023 e julho de 2024.
A Alemanha dependia da Rússia para 55% de suas importações de gás natural antes do conflito e, com o país eliminando sua infraestrutura de energia nuclear em prol de energias renováveis, o déficit forçou os preços da energia a dispararem e elevou o custo de fabricação.
A queda dos salários e do poder aquisitivo está vitaminando a impopularidade do chanceler Olaf Scholz, que está alcançando níveis assombrosos. Uma pesquisa da ARD-DeutschlandTREND realizada em setembro apontou que somente 18% dos alemães estão satisfeitos com o seu desempenho, o menor número já registrado para um líder alemão.
Fonte: Papiro