Foto do depósito de carros do maior porto fluvial da Europa, em Duisburg, na Alemanha | Foto: AFP

A economia da Alemanha, a maior da União Europeia (UE), irá se contrair pelo segundo ano consecutivo devido ao corte no fornecimento do gás e do petróleo russos, do qual é dependente, segundo o jornal Sueddeutsche Zeitung deste domingo (6), que confirmou com o Ministério da Economia a previsão de uma recessão de 0,2% neste ano. A contração no ano passado já havia sido de 0,3% no ano, enquanto a inflação segue pesando no bolso dos consumidores.

Conforme reconheceu o governo alemão, os preços da energia dispararam após Berlim começar a fazer o jogo dos Estados Unidos ao lado da Ucrânia em 2022, e parar de importar um bem de primeira necessidade, fazendo a produção industrial alemã despencar 5,3% entre julho de 2023 e julho de 2024.

A Alemanha dependia da Rússia para 55% de suas importações de gás natural antes do conflito e, com o país eliminando sua infraestrutura de energia nuclear em prol de energias renováveis, o déficit forçou os preços da energia a dispararem e elevou o custo de fabricação.

Mas não foram só os “problemas da energia”, apontaram os especialistas, pois a crescente concorrência da China vem forçando grandes transnacionais alemãs como a Volkswagen a diminuir suas operações. Exemplo disso, no mês passado anunciou que poderia passar o cadeado em duas fábricas – os primeiros fechamentos nos 90 anos de história da empresa.

Sem proteger seu setor energético dos picos de preços de energia – à mercê do oportunismo dos petroleiros estadunidenses – está transformando a década de 2020 em “uma década perdida”, constatou o Fórum para uma Nova Economia, sediado em Berlim, no início deste ano, qualificando a crise de “a pior retração econômica do país desde a Segunda Guerra Mundial”.

Mesmo um cenário mais otimista para os próximos anos, ligado à implementação rápida de um pacote de medidas – que inclui precisamente a redução permanente dos preços da eletricidade para as fábricas, melhorias fiscais, incentivos ao trabalho para os idosos e trabalhadores estrangeiros qualificados, os principais institutos de pesquisa continuam sem grandes expectativas. As projeções continuam sendo pessimista, reduziram sua previsão para 2025 de 1,4 para 0,8% e de 1,3% para 2026.

A queda dos salários e do poder aquisitivo está vitaminando a impopularidade do chanceler Olaf Scholz, que está alcançando níveis assombrosos. Uma pesquisa da ARD-DeutschlandTREND realizada em setembro apontou que somente 18% dos alemães estão satisfeitos com o seu desempenho, o menor número já registrado para um líder alemão. Até então a menor classificação já registrada era a da ex-chanceler Ângela Merkel, de 40%, contra os insignificantes 24% de Gerhard Schroeder.

Fonte: Papiro