Sebastião Melo. Foto: Mateus Raugust / PMPA

Apesar de ter feito um governo marcado pela precarização dos serviços públicos e casos de corrupção, o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), foi reeleito neste domingo (27) com 61,5% dos votos válidos; Maria do Rosário (PT) ficou com 38,4%. 

Tanto o primeiro quanto o segundo turno teve alto percentual de abstenções, figurando entre os maiores do país. Neste 27 de outubro, o índice chegou a quase 35%. Votaram em branco 3,81% e 3,75% anularam. 

Apoiado por uma gama de partidos de direita (MDB, PL, PP, Republicanos, PSD, Podemos, Solidariedade, PRD) tendo como vice a bolsonarista Betina Worm (PL) — que será a primeira mulher a ocupar o cargo —, Melo teve o maior tempo de tevê e se manteve à frente ao longo de toda a batalha eleitoral. No primeiro turno, teve 49% contra 26% de Maria do Rosário, candidata da coligação formada por PT, PCdoB, PV, PSOL — partido da vice, Tamyres Filgueira —, Rede e PSB. 

Durante as enchentes de maio, que castigaram boa parte do Rio Grande do Sul numa das maiores tragédias da história do país,  a gestão Melo foi acusada de não ter feito a manutenção adequada do sistema anti-cheias de Porto Alegre, o que poderia ter evitado o avanço das águas do Guaíba para vários bairros da cidade. Por vários dias, o Centro histórico ficou inundado, assim como outros bairros, especialmente na Zona Norte, como aconteceu com o Sarandi. 

Nascido em Piracanjuba (GO), Sebastião Melo tem 66 anos, é advogado e iniciou sua trajetória política na capital gaúcha como vereador, cumprindo mandatos entre 2001 e 2012. Entre 2013 e 2016, foi vice-prefeito de José Fortunati (PDT). Foi candidato a prefeito em 2016, quando perdeu para Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e, dois anos depois, se elegeu deputado estadual. Em 2020, se tornou prefeito pela primeira vez, vencendo Manuela D’Ávila (PCdoB). 

Ao longo desse tempo, se aproximou cada vez mais da extrema-direita. A atual gestão foi marcada por graves suspeitas de corrupção na educação, mal uso do dinheiro público e problemas em série com as terceirizações na saúde, além de ter vendido a empresa centenária de ônibus, Carris, e a própria falta de manutenção do sistema de proteção contra enchentes. 

Também sob sua gestão ocorreu o incêndio de uma das unidades da Pousada Garoa, com a morte de 10 pessoas, em abril deste ano. A prefeitura mantinha convênio com a instituição para abrigar pessoas em situação de rua, apesar das condições precárias do local.