Papa diz que é vergonhosa a incapacidade mundial em pôr fim à guerra em Gaza
Crítico à guerra no Oriente Médio, o Papa Francisco voltou a se posicionar e cobrou a comunidade internacional pela falta de ação para estabelecer uma proposta capaz de indicar um caminho para o cessar-fogo na Faixa de Gaza.
A fala do sumo pontífice, que classificou como “incapacidade vergonhosa” da governança global, ocorreu na segunda-feira (7), em carta aos católicos do Oriente Médio, quando a guerra desenfreada conduzida por Israel completou um ano após o ataque do Hamas.
“Há um ano o estopim do ódio foi aceso; não foi apagado, mas explodiu em uma espiral de violência, na vergonhosa incapacidade da comunidade internacional e dos países mais poderosos de silenciar as armas e pôr fim à tragédia da guerra”, afirmou Francisco.
Desde o início das hostilidades, Israel atacou Gaza e vitimou mais de 42 mil palestinos. No ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, cerca de 1,2 mil pessoas morreram. Segundo Israel, pelo menos 782 soldados morreram em combate desde então.
A retaliação promovida pelo exército israelense é considerada por diversos líderes mundiais como genocídio. No entanto, mesmo com todos os apelos e resoluções emitidas por organismos internacionais, como a ONU, nada foi capaz de avançar por um cessar-fogo, uma vez que o governo de extrema direita de Israel tem utilizado sua máquina de guerra como forma de manter seu poder.
“Estou com vocês, habitantes de Gaza, martirizados e exaustos, que estão todos os dias em meus pensamentos e em minhas orações. Estou com vocês, forçados a deixar suas casas, a abandonar a escola e o trabalho, a vagar em busca de um destino para escapar das bombas”, disse o Papa.
Nos últimos meses Francisco tem acentuado o tom das críticas. No final de setembro indicou que Israel tem feito ataques além da moralidade. Em agosto, ele já havia manifestado preocupação com a possibilidade de a guerra avançar para outros países, como de fato ocorreu: o exército israelense invadiu o Líbano e mantém um estado de tensão constante com o Irã.
Em trecho da carta neste um ano de conflito, o pontífice ainda ressalta que a guerra é uma derrota e que a violência nunca traz paz : “A raiva crescendo, junto com o desejo de vingança, enquanto parece que poucos se importam com o que mais é necessário e com o que as pessoas querem: diálogo, paz” […] “a guerra é uma derrota, que as armas não constroem o futuro, mas o destroem, que a violência nunca traz paz”.
Por fim, a santidade lembra que o secular conflito não tem ensinado nada aos envolvidos: “A história o demonstra, mas ainda assim anos e anos de conflitos parecem não ter ensinado nada”, conclui, ao renovar o apelo pela paz mundial.