“Jornalismo não é crime, é pilar de uma sociedade livre”, declara Assange
O jornalista Julian Assange, fundador do site Wikileaks e denunciante dos crimes de guerra dos EUA, em particular na invasão ao Iraque, falou do absurdo de ter tido que “se declarar culpado por fazer jornalismo”, a única brecha que Washington deixou para que – depois de anos de prisão e tortura – se ver em liberdade.
“Quero ser claro: não estou livre hoje porque o sistema judicial funcionou”, disse ele. “Se estou livre, é porque me declarei culpado de buscar informações de uma fonte. Eu me declarei culpado de obter informações de uma fonte. E me declarei culpado de informar ao público quais eram essas informações”, disse Assange para a ‘Comissão dos Assuntos Jurídicos e dos Direitos Humanos da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa’, nesta terça-feira, na cidade de Estrasburgo, na França.
O Conselho da Europa é uma organização de países europeus que agem em defesa dos direitos humanos, do Estado de Direito e democracia na Europa. Eles já criticaram o tratamento dado a Assange e disseram que isso teria “um efeito assustador sobre os direitos humanos”.
Assange passou os últimos 14 anos refugiado na embaixada do Equador, de onde foi sequestrado e levado para a prisão de segurança máxima de Belmarsh. A perseguição implacável se deu por ele ter publicado centenas de documentos confidenciais do governo americano expondo crimes de guerra cometidos no Iraque, no Afeganistão, além de assassinatos extrajudiciais. Por pouco ele não foi extraditado para os EUA onde poderia receber a sentença de até 175 anos de prisão.
“Um jornalista não deve ser perseguido por fazer seu trabalho, o jornalismo não é um crime, é um pilar de uma sociedade livre e informada,” disse Assange aos parlamentares.
“Se há um futuro na Europa hoje em que a liberdade de falar e publicar a verdade não é privilégio de poucos, mas direito de todos, eles devem agir para que o que aconteceu no meu caso nunca mais aconteça com ninguém.” Assange também pediu que sejam asseguradas proteções para denunciantes, e que muitas dessas proteções só existem no papel.
Fonte: Papiro