Ato realizado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) | Foto: Divulgação.

A comunidade científica do Rio de Janeiro e dirigentes de importantes instituições nacionais de pesquisa, entre elas a Fiocruz, Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, se manifestaram no decorrer desta semana diante da iminência da substituição da presidência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj) por uma indicação política do PL, como pretende o governador Cláudio Castro.

A ameaça ao órgão é ainda mais relevante visto o possível nome a assumir o cargo ser o ex-secretário de Educação Alexandre Valle, indicação de um conhecido negacionista e anti-ciência, o atual secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Anderson Moraes, “notório” por seus projetos quando era deputado estadual contrário à vacina da Covid-19 e a favor da extinção da Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro).

Na quinta-feira (24), a Fundação Oswaldo Cruz divulgou uma nota de repúdio, afirmando que na gestão do atual presidente, Jerson Lima, “a Faperj foi fundamental na defesa da ciência e ganhou maior agilidade na garantia de bolsas e recursos financeiros fundamentais ao desenvolvimento de pesquisas”.

“Desse modo, temos absoluta convicção de que, ao reforçar o posicionamento de diversas instituições científicas, é necessário que o governo estadual submeta à maior ponderação e reflexão sua decisão de promover mudanças na direção da Faperj, sob o risco de causar um impacto devastador nas conquistas de um projeto construído com tanto zelo e competência nos últimos anos”, afirma a direção da Fiocruz.

“Médico, professor e pesquisador reconhecido no Brasil e no exterior, Jerson Lima tem se reafirmado como gestor de visão estratégica, que conduziu a Faperj a uma posição elevada entre as principais agências de fomento à pesquisa científica e tecnológica em nosso país. Seu entendimento do papel da ciência e da tecnologia para o progresso econômico e social, identifica-se plenamente com nossa missão institucional de contribuir com pesquisa, produção de insumos e serviços para a promoção da saúde da população, a redução das desigualdades e iniquidades sociais, a consolidação e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas de saúde”, continua a nota da Fundação.

A Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência também se posicionaram, apelando para que “não se faça, da direção da Faperj, um cargo de indicação partidária”.

A Friperj, entidade que reúne dez reitores de instituições de ensino, também se manifestou afirmando que “a manutenção do presidente da Faperj, pesquisador reconhecido pela comunidade acadêmica, é essencial para garantir a integridade desta valiosa instituição que promove ciência, tecnologia e inovação como instrumento de desenvolvimento social e econômico do nosso Estado”.

De acordo com o ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugênio, que também defendeu a manutenção de Jerson Lima, “Se existe uma área que está funcionando muito bem no Rio é a Faperj, com suas pesquisas, seus convênios, presidida por uma pessoa que vem do setor de pesquisa e inovação. Vamos prestigiar as coisas que estão dando certo e mudar o que for necessário”, disse.

Como forma de protesto, na quinta-feira (24), o prédio da Faperj, no Centro do Rio, recebeu um “abraço”. Com cartazes que diziam “Com a Faperj ninguém mexe. Jerson fica”, representantes da comunidade científica e funcionários da instituição expressaram seu repúdio à mudança. A manifestação foi organizada pela Seção Sindical dos Docentes da UFRJ (Adufrj).

Fonte: Página 8