Finanças dos 26 países mais pobres estão no pior momento desde 2006
O Banco Mundial divulgou, no último domingo (13), um novo relatório que mostra os 26 países mais pobres do mundo com o maior nível de endividamento desde 2006. Estas nações abrigam 40% da população mundial que vive abaixo da linha da pobreza.
A preocupação com estes países é quanto a sua vulnerabilidade crescente, pois, em quase duas décadas, não conseguiram sustentar um nível de desenvolvimento, pelo contrário. Nesse sentido, as localidades se tornaram ainda mais vulneráveis não só pelo aspecto socioeconômico, mas também no que diz respeito a estarem mais expostas em um mundo com aumento de tragédias causadas por eventos climáticos extremos e outros desastres naturais.
De acordo com o relatório, estas economias estão mais pobres agora do que antes da pandemia de Covid-19, em 2020. Enquanto os demais países conseguiram se reerguer, estas nações regrediram.
O tema deverá nortear as discussões anuais, marcadas para a próxima semana, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto à incapacidade da governança global em tratar a questão.
O Banco Mundial destaca no seu documento os esforços para arrecadar US$ 100 bilhões para o fundo destinado aos países pobres pela Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA, em inglês).
De acordo com o relatório, os 26 países mais pobres possuem renda per capita anual abaixo de US$ 1.145, com índice médio da dívida em relação ao PIB em 72% – nível mais alto em 18 anos.
Além do péssimo cenário que faz estas nações dependerem cada vez mais de empréstimos da IDA, parte desse grupo ainda tem grande possibilidade de a dívida continuar aumentando na próxima década.
Outro aspecto destacado é que mais da metade desses países pobres tem dificuldade em manter a institucionalidade e possuem conflitos armados.
Como também, a maioria, são exportadores de commodities, ficando expostos às demandas e ao preço internacional. Dentre as 26 nações estão países como Etiópia, Chade, Congo, Afeganistão e o Iêmen.
Posição brasileira
Nos esforços para criar melhores condições de financiamento para os países pobres, a presidência brasileira no G20 elencou como uma das prioridades o combate à pobreza e à fome.
O presidente Lula tem carregado a mensagem em seus discursos. Na Assembleia Geral da ONU, fez um apelo por mais recursos e com menores juros, assim como requisitou maior participação dos países em desenvolvimento na direção do FMI e do Banco Mundial para uma mudança efetiva na governança global.
Somado a isto, o Brasil tem encabeçado uma articulação para criar padrões mínimos de tributação global como forma de financiar os locais com maior necessidade. A proposta de taxação de grandes fortunas tem avançado e deve ganhar maior delineamento em novembro, quando o país recebe a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro.