Corbyn (de boné) à frente de manifestação solidária aos palestinos em Londres | Foto: Benjamin Cremel/AFP

Denunciando mais um estelionato eleitoral do governo de Keir Starmer, o ex-líder trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, exortou a interromper as vendas de armas a Israel, à medida que as tensões aumentam no Oriente Médio.

“O governo trabalhista continua prestando apoio político, diplomático, econômico e militar a Israel, enquanto este leva a cabo um genocídio em Gaza. A sua incapacidade de exigir o cumprimento do direito internacional permitiu que o horror que testemunhamos em Gaza se espalhasse pela região, incluindo o Líbano”, manifestou numa carta aberta assinada por outros membros do Parlamento e divulgada nas redes sociais inglesas.

Jeremy Corbyn, que serviu como Líder da Oposição e Líder do Partido Trabalhista de 2015 a 2020 e se reelegeu neste ano como independente depois de ter legenda negada pelo partido, destacou que “convocar um cessar-fogo enquanto se arma e apoia Israel não faz sentido e não ajuda em nada para acabar com a agressão israelense”, e exigiu um “embargo total de armas, sanções econômicas e a cessação do apoio diplomático a Israel”.

Starmer, de forma não pública, proibiu os parlamentares que o seguem de comparecer aos enormes protestos contra a guerra em Gaza, que frequentemente contavam com centenas de milhares de pessoas, numa situação de escalada do genocídio israelense. Entre domingo (29) e segunda-feira (30), Israel matou mais 136 pessoas com seus mísseis. Cerca de 800 pessoas foram mortas nas últimas semanas, sendo cinco brasileiros.

Quando Corbyn dirigia os trabalhistas ingleses, após vencer dentro do partido os lulus capachos da Casa Branca, foi alvo de campanha sórdida comandada pelo rabino-chefe inglês, Ephraim Mirvis, que acusou o apoio do líder aos direitos do povo palestino de “antissemitismo”, velho bordão usado pelos sionistas para nublar a catástrofe que fazem cair sobre os palestinos e agora estendem a agressão aos libaneses, iranianos e sírios.

Com o inverno rigoroso se aproximando, argumentando falta de recursos, o primeiro-ministro Keir Starmer, que se elegeu em julho passado prometendo rever a política de arrocho dos conservadores, sem ter falado nisso durante a campanha, aprovou no parlamento inglês o corte do subsídio de inverno, que atualmente beneficia 11,4 milhões de idosos, e que será substituído por um “vale-cobertor bem fino”, que deverá atingir no máximo 1,4 milhão de idosos “mais carentes”.

O vale de aquecimento no inverno consistia em uma ajuda anual entre 200 e 300 libras esterlinas para a aquisição de óleo de calefação, para ninguém passar frio. Assim, 10 milhões de britânicos perdem o subsídio para pagar pelo aquecimento da casa no inverno que, aliás, foi instituído em 1997 pelo então ministro da economia (‘Chanceler do Tesouro’) Gordon Brown, trabalhista por sinal.

Corbyn afirmou que “é surpreendente ouvir ministros do governo tentando jogar areia nos olhos do público. O governo sabe que há uma gama de opções disponíveis para eles. Eles poderiam introduzir impostos sobre a riqueza para arrecadar mais de £ 10 bilhões. Eles poderiam parar de desperdiçar dinheiro público em contratos privados. Eles poderiam lançar uma redistribuição fundamental de poder, trazendo água e energia para a propriedade pública total. Em vez disso, eles optaram por tirar recursos de pessoas a quem foi prometido que as coisas mudariam. Há muito dinheiro, está apenas nas mãos erradas”, finalizou Corbyn.

Fonte: Papiro