Os eleitores de Belo Horizonte (MG) se uniram para evitar a vitória de um bolsonarista nas eleições municipais. Se candidatos derrotados no primeiro turno – como Mauro Tramonte (Republicanos) e Gabriel Azevedo (MDB) – resistem a declarar apoio nesta reta final, a maioria de seus apoiadores não pensa duas vezes: é hora de reeleger o prefeito Fuad Noman (PSD) e, assim, derrotar Bruno Engler (PL) – o escolhido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O risco do retrocesso ficou claro no primeiro turno. Engler teve quase 100 mil votos a mais que Fuad – eles foram ao segundo turno com, respectivamente, 34,38% e 26,54% dos votos válidos. Tramonte – que liderou todas as pesquisas até a semana final de campanha – terminou com 15,22%. Na sequência, vieram Gabriel (10,55%), Duda Salabert (PDT, 7,68%) e Rogerio Correia (PT, 4,37%).

A esquerda se posicionou já na primeira semana após votação de 6 de outubro. Além de Duda e Rogério, os partidos do campo progressista anunciaram apoio a Fuad e alertaram para a ameaça de uma gestão bolsonarista na capital mineira. Segundo o PCdoB, por exemplo, “lideranças políticas da extrema direita” não têm “propostas para valorizar o trabalho, fortalecer a saúde, a educação e a cultura. Elas negam a ciência e a democracia, como vimos nos últimos anos”.

Por isso, o Partido orientou sua militância a “ir às ruas e às redes para dizer NÃO à extrema direita, autoritária, neofascista, machista, racista e homofóbica”. O voto em Fuad, conforme o PCdoB, “é pela democracia e pela construção de uma BH que não permitirá retrocessos políticos, econômicos, sociais e ambientais”, por “uma cidade mais inclusiva, com participação popular e livre de qualquer extremismo”.

Candidatos do centro e da direita, porém, resistiram em se posicionar. Gabriel disse que permanecerá neutro. Tramonte mantém suspense. Mesmo o governador Romeu Zema (Novo) – que apoiou Tramonte no primeiro turno – demorou mais de dez dias para aderir à campanha de Engler.

Ao eleitorado, pouco importou. Conforme pesquisa do Instituto Doxa, contratada pela Itatiaia e divulgada nesta quinta-feira (17), Fuad virou a disputa e deve vencer a eleição. O prefeito tem 50,5% das intenções de voto, contra 35,5% de Engler. Nos votos válidos, a vantagem é ainda maior: 58,7% a 41,3%.

Se concorrentes do primeiro turno não se definem, os eleitores se antecipam e convergem numa frente ampla para derrotar Engler e o bolsonarismo. Um recorte da pesquisa mostra que Fuad herda a maior parte dos votos de seus adversários. Ele conta com o apoio maciço dos eleitores não apenas de Rogério (87%) e Duda (83%) – mas também de Tramonte (51%) e Gabriel (50%).

O melhor desempenho de Engler se dá entre quem votou em Gabriel. Mesmo assim, são apenas 31% dos votos que foram no primeiro turno para o candidato do MDB. A pesquisa Doxa/Itatiaia ouviu 1.350 eleitores, de 13 a 15 de outubro. A margem de erro é de 2,67 pontos percentuais.