Cuba anuncia retomada do sistema elétrico para mais de 70% da população
O Ministério da Energia e Minas de Cuba anunciou que a restituição do serviço elétrico, total ou parcialmente desligado desde 18 de outubro, já atende a 70,89% da população da ilha, segundo um relatório mais recente.
O Sindicato Nacional dos Eletricistas, que acompanha de perto os trabalhos de recuperação do setor, aponta que as obras ainda estavam em curso para colocar em funcionamento a Unidade 4 da Central Termoelétrica Carlos Manuel de Céspedes, em Cienfuegos, no oeste do país.
Em Havana, capital do país, 90% das residências, comércios e órgão públicos já contam com eletricidade e foram detalhados os avanços nas obras de religação do sistema elétrico nacional.
O impacto do sistema começou na passada sexta-feira devido a uma falha massiva com origem na central termoelétrica Antonio Guiteras, a principal da ilha, e agravada pela passagem da tempestade tropical Oscar, que provocou a morte a sete pessoas.
As autoridades sublinharam que a recorrente crise elétrica sofrida pela nação antilhana se deve ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos contra Cuba há mais de seis décadas, que a impede de adquirir combustíveis e peças para as centrais no mercado internacional.
“O colapso do sistema de energia é mais uma demonstração de todos os problemas que o bloqueio nos causa”, afirmou o presidente cubano Miguel Diaz-Canel, em sessão extraordinária do Conselho de Defesa Nacional.
Ele ressaltou a razão do país não ter o combustível que necessita: “Tudo acontece por causa das divisas que não temos, devido à perseguição financeira e do combustível que não temos por causa da sabotagem energética” realizada pelos EUA.
O Presidente sublinhou a necessidade de identificar adequadamente os recursos para a recuperação de casas, pontes e estradas danificadas pela passagem do furacão.
Da mesma forma, destacou a importância de manter a vitalidade dos serviços de saúde em qualquer circunstância e referiu-se ao acordo aprovado para prorrogar o recesso de atividades em alguns setores, até a próxima segunda-feira, bem como para os professores.
Considerou prioritário trabalhar rapidamente nas obras de saneamento nos territórios, explicando que continuarão os exames diários sobre o andamento da recuperação, após a passagem do furacão Oscar por Guantánamo.
“A partir das próximas horas […], haverá outra grande incorporação, de melhoria, porque vamos entrar no Guiteras, vamos levantar o Guiteras, que está pronto. [Estamos] esperando a ordem para fazer isso devagar, para não incorporar muita carga de forma abrupta, portanto, sem desestabilizar o conjunto do sistema”, disse o ministro de Energia e Minas, Vicente Levy, referindo-se à Usina Antonio Guiteras, a maior e mais eficiente do país.
“Os combustíveis são pagos em dinheiro, e muitas vezes tendo dinheiro nos bancos não podemos fazer as transações porque ninguém que segue as ordens de Washington quer aceitá-lo. Foi o que nos aconteceu com o navio de gás liquefeito de petróleo, que esteve atracado durante quase um mês”, relatou o Ministro.
O bloqueio também dificulta ao extremo a compra de peças de reposição para a geração e distribuição, com as unidades mais novas do sistema em operação “há mais de 35 anos” e mantidas em funcionamento graças ao esforço dos técnicos cubanos.
“Vivemos momentos de contingência que não são intransponíveis”, acrescentou. “Fazemos tudo isto no meio de uma política de pressão máxima dos Estados Unidos, que tem sido acompanhada e apoiada por uma campanha de intoxicação mediática, tentando demonstrar um Estado falido e incompetente, que não tem nada a ver com a realidade”, apontou.
“Todos os momentos da Revolução têm sido difíceis e a todos nós os coube superar. Esses momentos também nos deixam um legado de ensinamentos, de lições, que fazem parte da herança política da nação cubana para enfrentar situações como estas”, concluiu.
Fonte: Papiro