Além dos caças, blindados de Netanyahu levam a morte a Gaza | Foto: Jack Guez/AFP

O comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência para os Refugiados da Palestina (UNRWA), Philippe Lazzarini, denunciou que a equipe da Agência na Faixa de Gaza não consegue mais disponibilizar elementos básicos de sobrevivência. 

“Nossa equipe relata que não consegue encontrar comida, água ou assistência médica. O cheiro de morte está em todo lugar, com corpos sendo deixados nas estradas ou sob os escombros. Missões para limpar os corpos ou fornecer assistência humanitária têm o acesso negado”, declarou o funcionário da ONU.

“No norte de Gaza, as pessoas estão apenas esperando para morrer. Elas se sentem abandonadas, sem esperança e sozinhas. Elas sobrevivem, temendo a morte a cada momento”, observou. “Ao longo da guerra, alguns funcionários da UNRWA permaneceram no norte e fizeram o impossível para fornecer ajuda aos deslocados internos”, assinalou.

“Mantivemos alguns dos nossos abrigos abertos apesar dos bombardeios pesados ​​e ataques aos nossos prédios. Em nome da nossa equipe no norte de Gaza, estou pedindo uma trégua imediata, mesmo que por algumas horas, para permitir a passagem humanitária para famílias que desejam deixar a área e chegar a lugares mais seguros. Este é o mínimo necessário para salvar as vidas de civis que não têm nada a ver com este conflito”, frisou.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condena “inequivocamente a contínua e generalizada perda de vidas em Gaza, incluindo os ataques aéreos israelenses em Bet Lahia, que mataram dezenas de palestinos, incluindo muitas mulheres e crianças”, declarou seu porta-voz, Farhan Haq, em conferência de imprensa na terça-feira (22), referindo-se ao bombardeio à cidade no norte da Faixa de Gaza, qualificado pela Autoridade Nacional Palestina como “um novo capítulo do nazismo”.

“Guterres continua profundamente alarmado com a rápida deterioração da situação dos civis no norte de Gaza, incluindo os deslocamentos em massa e a falta de elementos essenciais para a sobrevivência”, assegurou Farhan.

“Os civis devem ser respeitados e protegidos em todos os momentos e as equipes humanitárias e de resgate devem ter acesso imediato e desimpedido para salvar vidas”, sublinhou o porta-voz em nome do secretário-geral da ONU.

Nesse sentido, afirmou que os recentes ataques a hospitais no norte de Gaza estão exacerbando uma crise humanitária “já grave” e colocando “em perigo a vida dezenas de milhares de pessoas”.

“Os doentes e o pessoal médico devem ser protegidos. Os hospitais não devem ser objeto de ataques. O acesso à atenção médica e aos materiais médicos essenciais deve ser priorizado para evitar mais perdas de vidas”, expressou Haq.

As forças genocidas de ocupação de Israel cometeram sete massacres contra famílias na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, resultando na morte de pelo menos 117 palestinos e ferimentos em outros 478, de acordo com relatórios do Ministério da Saúde da Palestina.

As autoridades locais de saúde confirmaram que o número de mortos palestinos pelo ataque israelense desde 7 de outubro aumentou para 42.718, com mais 100.282 indivíduos sofrendo ferimentos, muitas vezes sem condições de tratamento. A maioria das vítimas são mulheres e crianças.

De acordo com as mesmas fontes, os serviços de emergência ainda não conseguem chegar a muitas vítimas e corpos presos sob os escombros ou espalhados nas estradas do enclave devastado pela guerra, já que as forças de ocupação israelenses continuam a obstruir o movimento de ambulâncias e a atacar equipes de defesa civil.

Fonte: Papiro