Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) lançou um abaixo-assinado no qual pede reajuste e aumento da quantidade de bolsas de estudos, ao mesmo em que reconhece o avanço obtido com a reposição feita em 2023 pelo governo Lula. A medida tomada pela atual gestão veio após seis anos (2016-2022) de desmonte promovido pelos governos Temer e Bolsonaro, que deixaram como herança uma forte defasagem nos valores destinados aos estudantes e uma grave desvalorização da ciência. 

“Atualmente, as bolsas de estudo são o principal instrumento de fomento para a formação de novos pesquisadores, essenciais para o desenvolvimento científico do país. Apesar do reajuste obtido em 2023, após intensa mobilização da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e de todo movimento de pós-graduação brasileiro, as bolsas ainda sofrem com a perda significativa de seu poder de compra, tornando difícil a sobrevivência dos pesquisadores, especialmente nas grandes cidades”, diz o manifesto. 

Como uma de suas primeiras ações à frente do governo, o presidente Lula anunciou, em fevereiro do ano passado, entre outras medidas, o reajuste das bolsas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). O aumento foi de 40% para os alunos do mestrado e doutorado, de 25% para os pós-doutorandos, de 75% para a iniciação científica e de 200% para a iniciação científica júnior.

O texto segue admitindo haver  ainda o “passivo dos cortes orçamentários e da desvalorização da ciência entre 2016 e 2022, que resultou em desaceleração na produção científica nacional”. Reflexo  desse cenário, o manifesto lembra do aumento na evasão em cursos de pós-graduação, que chegou a 14 mil estudantes no ano passado. “Esse êxodo de jovens mestres e doutores, em busca de melhores condições de trabalho no exterior, representa uma perda significativa de talentos para o Brasil – é a chamada fuga de cérebros”. 

Para mudar mais profundamente o quadro herdado da extrema-direita, defende “mobilizar esforços para pressionar o governo” por mais investimentos e uma ação coletiva urgente “para pressionar os parlamentares a priorizarem os recursos destinados às agências de fomento”. 

Na avaliação da ANPG, “é essencial que o Congresso Nacional compreenda o valor estratégico do financiamento à pesquisa e assegure um orçamento que permita o desenvolvimento de projetos de longo prazo. Investir em ciência não é um custo, mas uma garantia de retorno econômico, social e tecnológico para o futuro do país”.