Ultra-ricos dos EUA burlam receita em trilhões de dólares, denuncia senador Wyden
“Os ultra-ricos estão evitando quase US$ 2 trilhões em impostos a cada 10 anos”, disse o Senador dos EUA, Ron Wyden, do partido Democrata, que preside o comitê de Finanças do Senado americano. “Isso é suficiente para manter a Previdência Social inteira até o final deste século”, avaliou.
Para ele, “é aí que devemos ir para começar a progredir”.
Na audiência, o senador Wyden defendeu a manutenção da Segurança Social, intitulada “Previdência Social para sempre: entregando benefícios e protegendo a segurança da aposentadoria”, propondo uma reforma tributária que proteja programas públicos que beneficiam milhões de americanos.
A proposta do senador faz oposição aos republicanos, que defendem cortes em benefícios e aumento na idade de aposentadoria e promessas de mais cortes nos impostos, do mesmo modo que parlamentares democratas enredados no lobby do sistema financeiro.
Wyden apontou que os ultra-ricos através de contas offshore, brechas legais e mecanismos financeiros, acumulados ao longo do tempo, conseguem ocultar grandes quantias em dinheiro que ficam livres de tributação do governo. Dinheiro que poderia ir para programas sociais.
O Seguro Social americano é um serviço essencial para a população pobre dos Estados Unidos. Para milhões de miseráveis é um dos únicos serviços que pode lhes servir de apoio nos momentos de desemprego.
O Congresso aprovou recursos – não para sua ampliação, mas para seu financiamento até 2035, depois disso seu futuro é incerto. A proposta de Wyden é usar esse dinheiro dos sonegadores ricos, que nos EUA é uma fortuna enorme, eles poderiam financiar e ampliar esse programa a serviço das próximas gerações.
“Warren Buffett para de pagar a Previdência Social 30 segundos após o início do ano novo,” disse o Comissário de Administração da Previdência Social, Martin O’Malley, sobre o bilionário da especulação financeira.
“E as pessoas que limpam esses prédios pagam em quantias retiradas direto de seus contracheques,” completou.
Segundo O’Malley, o teto de impostos na folha de pagamento dá aos mais ricos nos Estados Unidos o direito de não pagar impostos para a Previdência Social depois dos 60 dias após o início do ano.
Para o senador Sheldon Whitehouse, que preside o Comitê de Orçamento do Senado e também do partido Democrata, propostas como o aumento da idade para aposentadoria “iria prejudicar especialmente os aposentados de baixa renda.”
“Se os cortes de benefícios da Previdência Social realmente estão fora de questão, resta apenas uma outra opção para evitar a insolvência: aumentar a receita”, disse o senador Whitehouse.
Os democratas também criticam Donald Trump, ex-presidente e novamente candidato à presidência nas eleições deste ano, de principalizar uma política de cortes nos benefícios se eleito para um segundo mandato.
No entanto, apesar da gravidade da denúncia do senador Wyden, os números apontados pelo Comitê de Finanças são modestos diante do apurado pela organização “Americanos por Justiça Tributária”. Em matéria de janeiro deste ano, a revista Rolling Stone traz dados da apuração que, segundo os estudos, montam em US$ 8,5 trilhões em “ganhos não declarados” somente no ano de 2024.
“As famílias americanas mais ricas seguraram a estonteante quantia de US$ 8,5 trilhões em 2022. De acordo com um informe da organização ‘Americans for Tax Fairness’ (Americanos por Justiça Tributária), que analisou dados do Federal Reserve, um em cada seis dólares (18% dos ganhos nacionais não declarados são retidos pelas cerca de 64.000 famílias ultra-ricas, que formam menos de 0,05% da população”.
“Estas informações vêm à tona ao mesmo tempo em que corre na Suprema Corte dos EUA uma ação que se aprovada poderia, preventivamente, bloquear quaisquer esforços de taxar as riquezas dos bilionários”, acrescenta a revista.
Fonte: Papiro