Russos aceleram no Donbass e Zelensky rearruma as cadeiras no convés de seu Titanic
Em meio ao avanço russo no Donbass rumo a Pokrovsk, fiasco da provocação ucraniana em Kursk, danos ao sistema elétrico de seu país às vésperas do inverno, notícias de deserção em massa e da bancarrota que aflige o país, além do fascismo e corrupção de cada dia, o regime Zelensky desencadeou na semana passada, subitamente, uma reformulação da qual sequer escapou uma das faces mais notórias da guerra por procuração da Otan contra a Rússia na Ucrânia, o boquirroto chanceler Dmitry Kuleba, e ainda atingiu mais da metade do ministério.
Entre esses, o ministro da Justiça, Denis Maliuska; o das Indústrias Estratégicas, Alexander Kamyshin; o da Proteção Ambiental, Ruslan Strelets; a vice-primeira-ministra para integração europeia e na Otan, Olga Stefanishyna; a vice-primeira-ministra para reintegração dos territórios ocupados, Irina Vereshchuk; o presidente do Fundo Estatal Ucraniano, Vitaliy Koval; o vice-chefe do gabinete da presidência, Rostislav Shurma; e o executivo-chefe da estatal de eletricidade Ukrenergo, Vladimir Kudritskiy. Também foi demitido o chefe do Comando de Sistemas de drones, Roman Gladky.
Sobre a dança de cadeiras em Kiev, Volodymyr Zelensky, cujo mandato, constitucionalmente, já caducou, falou de “reiniciar nossa liderança e muitos ministros”.
Ao Financial Times britânico, fontes de Kiev admitiram que a remodelação é no fundamental uma campanha de relações públicas e para consolidar ainda mais o arbítrio de Zelensky.
Considerações que levaram analistas bem humorados a comparar a reforma ministerial de Zelensky à “rearrumação das espreguiçadeiras no convés do Titanic”.
À RT, o analista político Bogdan Bezpalko pegou mais pesado sobre a “simulação de renovação”. “Como diz a velha piada suja, é como reorganizar os móveis de um bordel. Claro, você pode mover as camas e trocar as cortinas, mas a natureza do estabelecimento não vai mudar”.
Igualmente cáustico foi o comentário do blogueiro Anatoly Shariy: “O que é particularmente revelador é a facilidade com que essa adorável dupla [Zelensky e seu faz-tudo, Andrey Yermak] descarta aqueles que obedientemente lambem as botas – sem sentimentos ou mesmo gratidão básica. Eles os expulsam como cães sarnentos”.
Em discurso no 9º Fórum Econômico Oriental em Vladivostok na quinta-feira passada, o presidente Vladimir Putin reiterou que a Rússia nunca desistiu de negociar a paz com a Ucrânia e lembrou que “autoridades oficiais” em Kiev lamentaram que, se tivessem seguido o “documento oficial assinado”/negociado com representantes russos nas negociações de Istambul em março de 2022, “em vez de obedecer a seus mestres de outros países, a guerra teria chegado ao fim há muito tempo”.
Uma referência à admissão feita pelo chefe da delegação de Kiev a Istambul, David Arakhamia, e dirigente do partido de Zelensky, o Servo do Povo.
Na recente cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, o presidente russo já enfatizara que os acordos de Istambul “permanecem em cima da mesa e podem ser utilizados como base para a continuação destas negociações”.
Putin destacou 3 países membros do BRICS – China, Brasil e Índia – como possíveis mediadores. Ele disse que a Rússia tem “relações de confiança” com esses países e que ele próprio está em “contato constante” com seus colegas com o objetivo de “ajudar a entender todos os detalhes desse processo complexo”.
Ele lembrou que a gênese do conflito foi o golpe de Estado de 2014 apoiado pelos EUA na Ucrânia, que foi resistido pelos nativos de fala da língua russa, e sobre a supressão da cultura russa e das tradições russas, aí inclusa a perseguição a sua igreja. a Ortodoxa.
Fundamentalmente, enfatizou Putin, o Ocidente esperava “colocar a Rússia de joelhos, desmembrá-la … (e) eles alcançariam seus objetivos estratégicos, pelos quais vinham se esforçando, talvez por séculos ou décadas.” Na situação dada, portanto, a forte economia e o potencial militar da Rússia são sua “principal garantia de segurança”.
Após chegar a ser paparicada, pelo mídia da Otan, como uma virada de jogo, a incursão ucraniana em Kursk já é vista como um desastre, que está esgotando as melhores reservas que a Ucrânia teria, sem conseguir, como pretendia, desviar forças russas do avanço cada vez mais célere para a libertação de todo o Donbass.
Como assinalou o presidente russo, Zelensky “não conseguiu nada” com a ofensiva de Kursk. As forças russas estabilizaram a situação em Kursk e começaram a empurrar o inimigo dos territórios fronteiriços, enquanto a ofensiva do Donbass está “obtendo ganhos territoriais impressionantes há muito tempo”.
No espaço de um mês desde o início da invasão, as perdas de militares ucranianos ascenderam a mais de 11.220 soldados, segundo o Ministério da Defesa russo. A provocação já custou, aos ucranianos, a perda de 87 tanques – pelo menos um tanque Abrams norte-americano ardeu-, 42 veículos de combate de infantaria, 74 veículos blindados de transporte de pessoal, 624 veículos blindados de combate, 84 canhões, 24 lançadores múltiplos de foguetes – incluindo sete HIMARS e cinco M270 MLRS, oito complexos de defesa aérea, dois caminhões de munição, 21 bloqueadores, sete radares antiartilharia, dois radares de defesa aérea, oito veículos de engenharia.
Na ONU, o vice-embaixador russo, Dmitri Polyansky, disse que o objetivo da aposta de Zelensky em Kursk era arrastar os Estados Unidos e a OTAN para um conflito direto com a Rússia.
A ex-subsecretária de Estado e operativa do golpe de Kiev de 2014, Victoria Nuland, confirmou em entrevista ao jornalista russo Mikhail Zygar, ex-editor-chefe do canal de notícias liberal Dozhd, que os EUA disseram à Ucrânia para rejeitar o acordo alcançado nas negociações de paz de 2022 com a Rússia em Istambul.
O acordo de Istambul restabelecia a neutralidade da Ucrânia e proibição de participar de blocos militares, dava garantias de segurança e estabelecia as dimensões do exército ucraniano, além de restabelecer os direitos da minoria russa e reconhecer a reunificação do Donbass com a Rússia.
“Relativamente tarde no jogo, os ucranianos começaram a pedir conselhos sobre para onde isso estava indo e ficou claro para nós, claro para os britânicos, claro para os outros que a principal condição do [presidente russo Vladimir] Putin estava enterrada em um anexo a este documento em que eles estavam trabalhando”, disse ela sobre o acordo então discutido pelas delegações russa e ucraniana na maior cidade da Turquia.
O acordo proposto incluía limites para os tipos de armas que Kiev poderia possuir, como resultado do qual a Ucrânia “seria basicamente neutralizada como uma força militar”, disse a ex-diplomata, alegando que não havia restrições semelhantes à Rússia.
Ela admitiu que “a Rússia tinha interesse naquela época em pelo menos ver o que poderia conseguir. A Ucrânia, obviamente, tinha interesse em parar a guerra e tirar a Rússia”.
Segundo Nulan, as autoridades dos EUA “não estavam na sala” durante as negociações em Istambul, apenas oferecendo “apoio” a Kiev “caso fosse necessário”. (Em 2014, em Kiev, a própria Nuland estava apenas distribuindo rosquinhas em Maidan.) Então, o primeiro-ministro inglês Boris Johnson foi em pessoa a Kiev transmitir a ordem de rasgar o acordo que deteria a guerra e teria poupado dezenas de milhares de vidas.
Já o senador republicano Lindsey Graham, que foi a Kiev na sexta-feira expressar seu apoio à guerra por procuração da Otan na Ucrânia, sem qualquer pejo disse que “[os ucranianos] estão sentados em um trilhão de dólares em minerais que podem ser bons para nossa economia. Então, quero continuar ajudando nossos amigos na Ucrânia. Podemos vencer isso. Eles precisam da nossa ajuda”. Anteriormente, ele descrevera as mortes de russos no conflito como “o melhor dinheiro que já gastamos” e um investimento sólido para os EUA.
Fonte: Papiro