O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa defendeu ampliar a solidariedade ao povo palestino | Foto: AFP

Erguendo a voz contra o genocídio praticado pelo governo de Benjamin Netanyahu em Gaza e na Cisjordânia, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, defendeu o fim do “apartheid” de Israel na Palestina em discurso nesta terça-feira (24), durante a 79ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com o líder sul africano, assim como nação de Nelson Mandela se fortaleceu com a onda de solidariedade internacional para pôr fim ao regime de segregação racial e descortinar uma nova era democrática, deseja que igualmente a Palestina seja livre. “Nós, sul-africanos, sabemos como é o apartheid e não ficaremos em silêncio e assistiremos o apartheid ser perpetrado contra outros”, afirmou Cyril, repudiando a punição coletiva que já custou a vida de mais de 40 mil palestinos, grande parte mulheres e crianças.

O Ministério de Saúde de Gaza estima que entre 13,4 mil e 17,5 mil pessoas sofreram “lesões graves nas extremidades”, tendo havido entre 3,1 mil e 4 mil amputações.

Cyril disse que a história sul-africana testemunhou o papel da ONU em questões cruciais para a história dos povos e “ao apoiar nossa luta, as Nações Unidas afirmaram os seus princípios: direitos humanos fundamentais, a dignidade e o valor de cada pessoa e os direitos iguais de nações grandes e pequenas”.

Para deter de uma vez por todas o banho de sangue promovido pelos israelenses, Cyril pediu um esforço coletivo por meio da ONU e de outras instituições, fazendo com que prevaleça a ação legal da África do Sul movida contra Israel pela Corte Internacional de Justiça (CIJ).

“A única solução duradoura é o estabelecimento de um Estado Palestino que existirá lado a lado com “Israel, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”, reiterou.

Tendo como compromisso a democratização das Nações Unidas, o líder sul africano propôs que o Conselho de Segurança seja reformado com urgência, tornando-se “mais inclusivo para que as vozes de todas as nações possam ser ouvidas e consideradas”. “A África está pronta para desempenhar seu papel na construção de uma ordem global mais segura, participando do trabalho do Conselho de Segurança da ONU com base no respeito e na aceitação”, disse Cyril. Neste sentido, apontou para a necessidade de uma maior cooperação entre a ONU e a União Africana para resolver as causas profundas das guerras no continente.

O embaixador sul-africano na Corte de Haia, Vusimuzi Madonsela, tem repudiado o regime israelense como um tipo de apartheid ainda mais perverso do que o imposto ao seu país até 1994.

“Como sul-africanos, percebemos, vemos, ouvimos e sentimos profundamente as políticas e práticas discriminatórias desumanas do regime israelense como uma forma ainda mais extrema de apartheid institucionalizado contra os negros em meu país”, descreveu o embaixador.