Milei veta reajuste a aposentados e reprime idosos com tropa de choque
O presidente argentino, Javier Milei, vetou nesta segunda-feira (2) o aumento de 8,1% da aposentadoria aprovado pela maioria do congresso argentino. O decreto de Milei saiu no Diário Oficial da União argentino.
Assinado também por todo o seu gabinete, afirma que os gastos com o aumento da aposentadoria e do salário mínimo excederiam as contas fiscais do governo nos gastos esperados para 2024, de 6 bilhões de pesos (R$35.386.650,00) e, para 2025, 15 bilhões de pesos (R$88.478.625,00).
A lei vetada por Milei estabeleceria uma nova fórmula de cálculo para as atualizações das aposentadorias baseados no índice de preços do consumidor em relação com a inflação e levando em conta os salários médios. A inflação anual na Argentina está em 271%.
Com o veto de Milei, a lei de reajuste da aposentadoria volta ao congresso argentino, que pode reverter a decisão de Milei se for aprovada por mais de dois terços de ambas as câmaras de deputados e senadores.
Ao saber do veto à lei de reajuste, a União dos Trabalhadores Aposentados e outros grupos de aposentados e da oposição saíram em protesto em Buenos Aires onde enfrentaram repressão violenta da polícia. Dezenas de idosos foram agredidos pelas tropas de choque e sofreram com gás de pimenta (que teria um novo tipo de química que provoca queimaduras).
“Eles nos bateram, nos empurraram, jogaram spray de pimenta na nossa cara, isso é uma loucura, como se estivéssemos na ditadura,” disse um dos aposentados à televisão argentina.
Segundo a UNICEF, a Argentina, sob Milei, está sofrendo com um aumento no número de pessoas sem segurança alimentar. Cerca de 1,5 milhão de crianças no país estão perdendo uma refeição por dia e 1 milhão delas indo para a cama sem jantar. 4,5 milhões de adultos por dificuldades econômicas estariam perdendo também uma refeição por dia, dando preferência, possivelmente, na alimentação de seus filhos.
Em 2023, segundo dados do governo argentino, a pobreza no país atingiu 41,7% da população, cerca de 19,5 milhões de pessoas. Na pobreza extrema estão 11,9% da população, cerca de 5,6 milhões de pessoas.
Fonte: Papiro