Manifestante denuncia a fome que se espraia com Milei | Foto: AFP

Denunciado pelas forças nacionalistas, o duro ajuste fiscal e monetário implementado pelo presidente Javier Milei fez com que o Produto Interno Bruto (PIB) da Argentina caísse 5,1% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2023. 

A informação foi dada na segunda-feira (24) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec) que registrou ainda um recuo de 2,6% no PIB em relação ao último trimestre, marcando a segunda queda trimestral contínua.

Como o resultado se soma à retração de 2,5% do último trimestre do ano passado, o país entrou tecnicamente em recessão, que é o que ocorre quando o recuo é registrado pelo segundo trimestre consecutivo.

Desde que assumiu em dezembro de 2023, o mantra neoliberal imposto por Milei tem repercutido no fechamento de empresas, no aumento do desemprego, na redução dos salários e das aposentadorias, e no disparo das tarifas de água e energia.

Dos quatro componentes que compõem o indicador do Indec, três apresentaram queda no primeiro trimestre de 2024. Na comparação com o trimestre anterior, diminuiu o Consumo – tanto privado (-2,6%) quanto público (-0,8%), o Investimento (Formação bruta de capital fixo) despencou (-12,6%) e as Importações (-12,1%). Em relação com o mesmo trimestre de 2023, os números ficaram bastante no vermelho: Consumo Privado (-6,7%), Consumo Público (-5%), Investimento (-23,4%) e Importações (-20,1 por cento).

O setor agroexportador foi o único que apresentou um índice positivo. Beneficiado pelo salto do dólar oficial, registrou um crescimento interanual de 26,1% e de 11,1% em relação ao trimestre anterior.

O discurso de “corte de gastos” e “equilíbrio fiscal” se materializou com força na queda acentuada do Investimento de -23,4% no trimestre em relação ao anterior, com a interrupção quase completa das obras públicas.

A queda dramática da “formação bruta de capital fixo” foi explicada, segundo o Indec, “pela queda de -26,6% no investimento em construção, pelo aumento de 9,1% em outras construções, pela diminuição de -26,3% em máquinas e equipamentos e pela queda de -20,7% em equipamentos de transporte”. Dentro do setor de máquinas e equipamentos, o componente nacional caiu -32,6% e o componente importado recuou -22,3%. “Nos equipamentos de transporte, a componente nacional teve um decréscimo de -35,3% e a componente importado teve um aumento de 46,4%”, apontando para a desnacionalização.

Das 17 atividades medidas pelo Indec, 11 desabaram. As maiores quedas interanuais ocorreram na Construção (-19,7%), Indústria de transformação (-13,7%) e Intermediação financeira, que caiu -13% devido à redução dos financiamentos. O comércio por atacado e varejo também registrou uma diminuição significativa de -8,7%, refletindo a queda do consumo.

Nos demais setores foram apontados recuos menores, como é o caso da Eletricidade, gás e água (-2,2%), Hotelaria e restauração (-1,7%), Transportes, armazenamento e comunicações (-1,1%), Imobiliário, atividades empresariais e de arrendamento (-1,6%), atividades de serviços comunitários, sociais e pessoais (1,9%) e famílias clássicas com serviço doméstico (-1,9%).

A exceção ficou por conta da agricultura, pecuária, caça e silvicultura, que cresceu 10,2% e Exploração de minas e pedreiras (8%) e pesca (3,2%). Margem restrita, mas positiva, também o Ensino (1,6%), Serviços Sociais e de Saúde´pífios (1,3%) e Administração pública, defesa e planos obrigatórios de seguridade social (0,8%).

Fonte: Papiro