Jovens turcos expulsam fuzileiros dos EUA de Esmirna: “só trouxeram morte à Palestina”
Norte-americanos foram expulsos da cidade portuária e mandados de volta para o navio: “Têm o sangue palestino nas mãos”, denuncia União da Juventude da Turquia.
“Pusemos um saco na cabeça dos soldados americanos do USS Wasp. Os soldados estadunidenses, que têm nas mãos o sangue dos nossos soldados e de milhares de palestinos, não podem contaminar o nosso país”, afirmou a União da Juventude da Turquia, dando um susto em dois fuzileiros navais que tiveram interrompida a sua visita à cidade portuária de Esmirna, no sudoeste da Turquia, na segunda-feira (2).
Os marines haviam chegado na localidade no domingo (1) para uma “permanência regular no porto”, após um exercício de treinamento conjunto com as Forças Navais Turcas, declarou o Departamento de Defesa.
O vídeo publicado nas redes sociais mostra dois fuzileiros à paisana gritando por socorro, enquanto manifestantes entoam “Yankees go home!”. O protesto contou com a participação de militantes da União da Juventude da Turquia, organização estudantil e juvenil reconhecida por sua luta anti-imperialista, filiada ao Partido Vatan (Pátria). Entre os 15 presos está o presidente do grupo juvenil.
“Toda vez que os fuzileiros pisarem nessas terras, nós os encontraremos do jeito que vocês merecem”, declarou o grupo nacionalista, destacando que os ianques “mereceram” o ataque devido ao “apoio dos Estados Unidos a Israel”.
Diante da repressão, o Partido Comunista Turco também lançou um manifesto condenando a presença do USS Wasp na cidade. “Não queremos o navio dos EUA que trouxe guerra e morte à Palestina em Esmirna”, sublinharam os ativistas.
Nas redes sociais, vários usuários defenderam que “os protestos deveriam acontecer em todos os lugares” pelo mundo afora. Já no X, de Elon Musk, a ação foi qualificada como “nojenta” pelo fato dos fuzileiros terem sido “humilhados” pelos jovens turcos.
“Podemos confirmar as informações de que os militares norte-americanos do USS Wasp foram vítimas de um ataque hoje em Esmirna e que estão agora bem e em segurança. Agradecemos às autoridades turcas a resposta rápida e a investigação em curso”, disse a embaixada dos EUA na Turquia.
A Sexta Frota informou que os dois fuzileiros navais foram auxiliados por outros quatro que se encontravam nas proximidades e, rapidamente, seguiram para um hospital local. Sem lesões, retornaram rapidamente ao USS Wasp.
Militares estadunidenses já haviam sido agredidos por membros da organização nacionalista turca em 2014 e 2021. O ato de colocar sacolas nas suas cabeças é uma resposta à atitude adotada pelo Exército dos EUA, que em 2003, no início da guerra do Iraque capturou soldados turcos e pôs sacos em suas cabeças.
Na época, as duas razões alegadas por Washington para invadir o Iraque foram comprovadamente uma mentira: a existência de armas de destruição em massa e a pretensa participação do país governado por Saddam Hussein nos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Atualmente, mesmo membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e persistir em fazer exercícios militares conjuntos com EUA, a Turquia não se somou às sanções contra o Kremlin – em guerra contra a Ucrânia – e ainda aumentou suas importações de petróleo da Rússia. Além disso, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan cortou relações comerciais com Israel e comparou o premiê Benjamin Netanyahu a Adolf Hitler em razão da guerra na Faixa de Gaza, ofensiva na qual os sionistas contam com o estímulo e a sustentação dos Estados Unidos.
Fonte: Papiro