José Bertotti destaca a importância dos prefeitos no combate à crise climática
Ex-secretário de Meio Ambiente de Pernambuco e Recife, Bertotti trouxe sua vasta experiência para discutir como o saneamento básico, a destinação de resíduos sólidos e a conservação ambiental se conectam nas cidades brasileiras.
José Bertotti, pesquisador em inovação do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia da Universidade Federal de Pernambuco. É também sócio fundador do Instituto Toró Climate, Tecnologia e Cultura. Ele já foi secretário por três mandatos de Recife e também foi secretário de meio ambiente de Pernambuco, titular da pasta de meio ambiente e sustentabilidade
Nesta quinta-feira (26), José Bertotti, pesquisador do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e sócio fundador do Instituto Toró Climate, Tecnologia e Cultura, concedeu uma entrevista ao programa Entrelinhas Vermelhas, onde abordou os desafios e as soluções que os municípios podem adotar para enfrentar a crise climática e melhorar suas políticas ambientais. Ex-secretário de Meio Ambiente de Pernambuco e Recife, Bertotti trouxe sua vasta experiência para discutir como o saneamento básico, a destinação de resíduos sólidos e a conservação ambiental se conectam diretamente com a sustentabilidade nas cidades brasileiras.
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Saneamento básico e resíduos sólidos como prioridades municipais
Bertotti ressaltou que a falta de saneamento adequado nos municípios brasileiros é uma questão grave, com impacto direto na saúde pública e no meio ambiente. Ele citou que mais de 50% dos municípios não têm água tratada, e o déficit no tratamento de esgoto chega a 70-80% em algumas regiões. Segundo o pesquisador, o saneamento não só previne doenças como dengue e chikungunya, mas também reduz significativamente os custos do Sistema Único de Saúde (SUS). Cada real investido em saneamento resulta numa economia de três reais em gastos com saúde pública, afirmou.
Além disso, ele destacou a importância de uma gestão mais eficiente dos resíduos sólidos. Em vez de simplesmente enterrar lixo em aterros sanitários, Bertotti argumenta que os municípios devem investir em tecnologias que reaproveitem materiais recicláveis e gerem biometano a partir de resíduos orgânicos. Esse modelo, além de sustentável, gera empregos e energia.
Conservação ambiental e qualidade de vida urbana
Outro ponto abordado foi a necessidade de conservar áreas ambientais dentro dos municípios. Bertotti deu o exemplo do Parque Dois Irmãos, em Recife, uma área de proteção ambiental que não só ajuda a regular o clima da cidade, mas também é responsável por parte do abastecimento de água da população local. Ele defendeu que as unidades de conservação são essenciais não apenas para a preservação de espécies, mas para a qualidade de vida dos cidadãos, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.
Desafios e responsabilidades dos prefeitos
Sobre o papel dos prefeitos, Bertotti frisou que as ações ambientais são de responsabilidade direta das gestões municipais e que é necessário integrar as políticas ambientais com outras áreas, como educação e saúde. Ele criticou o enfoque ideológico que muitas vezes permeia o debate ambiental, que, segundo ele, prejudica a adoção de soluções concretas e sustentáveis.
Ele também destacou a urgência de se discutir essas questões nas eleições municipais, mencionando que muitos candidatos evitam tocar no tema ou o tratam de maneira superficial. Bertotti acredita que o planejamento urbano deve considerar as áreas de proteção ambiental para evitar catástrofes, como as enchentes no Rio Grande do Sul e os incêndios florestais que têm assolado o país.
Ao longo da entrevista, José Bertotti enfatizou que o combate à crise climática começa nos municípios e que os prefeitos eleitos em 2024 terão um papel crucial na implementação de políticas públicas sustentáveis. Para ele, a questão ambiental está interligada à saúde, educação e desenvolvimento econômico, e o planejamento das cidades precisa levar isso em consideração.
(por Cezar Xavier)