Dilma Rousseff entra com Xi Jinping no local da cerimônia de apresentação das medalhas nacionais e títulos honorários da República Popular da China com os destinatários no Grande Salão do Povo em Pequim, em 29 de setembro de 2024. [Foto/Xinhua]

Neste domingo (29), durante uma cerimônia no Grande Salão do Povo em Pequim, a ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, foi agraciada com a Medalha da Amizade da República Popular da China. A honraria foi entregue pelo presidente Xi Jinping, que liderou o evento como parte das celebrações do 75º aniversário da fundação da República Popular da China, destacando a importância dos heróis e modelos para o avanço da nação. Dilma foi a única estrangeira laureada nesta edição da cerimônia.

“Eu me sinto muito honrada e orgulhosa por receber a Medalha da Amizade de um país que tem uma história milenar e que hoje obteve realizações tão importantes”, disse a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), o Banco dos BRICS, segundo a agência estatal de notícias Xinhua. “Dificilmente em algum momento no passado um país conseguiu se transformar em 75 anos na segunda maior economia do mundo, no país que conseguiu elevar o nível educacional do seu povo para competir com os níveis dos países desenvolvidos, (no país) que lidera hoje em ciência e tecnologia e na aplicação de inovações em todos os campos e áreas, especificamente na indústria”, acrescentou a ex-presidenta brasileira.

Dilma Rousseff, presidente do Brasil entre 2011 e 2016, foi reconhecida por suas contribuições ao fortalecimento dos laços entre Brasil e China, dois gigantes emergentes na política e economia global. A Medalha da Amizade é uma das maiores distinções concedidas a cidadãos estrangeiros pela China, homenageando aqueles que, ao longo dos anos, promoveram e cultivaram a amizade e a cooperação internacional com o país asiático.

Durante seu discurso, o presidente Xi Jinping enalteceu Dilma, assim como outros heróis homenageados, destacando o papel fundamental que líderes e figuras internacionais desempenham na construção de um mundo interconectado. Ele ressaltou a importância de parcerias globais para o desenvolvimento e sublinhou que a amizade entre as nações é um pilar para a paz e o progresso.

“Grandes eras produzem grandes heróis, e quando heróis surgem, tanto o Partido como a causa do povo prosperam”, declarou Xi Jinping para uma plateia de cerca de 1.000 pessoas, entre elas altos funcionários chineses, líderes militares, acadêmicos e cidadãos. “Nos últimos 75 anos, houve muitos velhos e bons amigos no mundo que compartilham as mesmas aspirações e permanecem juntos com o povo chinês nos bons e maus momentos; a sra. Dilma Rousseff (…) é uma representante notável entre eles”. A cerimônia marcou um momento de reflexão sobre os 75 anos de conquistas da República Popular da China, com destaque para o rápido crescimento econômico e a estabilidade social do país.

A guarda de honra que escolta as medalhas nacionais e títulos honorários entra no local da cerimônia de apresentação no Grande Salão do Povo em Pequim, capital da China, em 29 de setembro de 2024. A China realizou uma cerimônia de alto nível na manhã de domingo para conceder as mais altas honras estaduais antes do 75o aniversário de fundação da República Popular da China. [Foto/Xinhua]

O reconhecimento de Dilma Rousseff por parte da China reflete o respeito mútuo entre os dois países, que têm consolidado suas relações diplomáticas e econômicas nas últimas décadas. Durante seu mandato, Dilma trabalhou para aproximar Brasil e China, tanto no âmbito político como no comercial. Sob sua liderança, o Brasil se engajou fortemente no BRICS, grupo de economias emergentes que inclui China, Rússia, Índia e África do Sul, promovendo cooperação estratégica e acordos multilaterais.

Dilma, agora presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, com sede em Xangai continua a desempenhar um papel relevante no cenário global. A homenagem da China reforça seu status como uma das principais figuras na promoção de alianças internacionais voltadas ao desenvolvimento sustentável e à construção de um futuro mais equitativo.

Xi Jinping, em seu discurso, expressou gratidão àqueles que ajudaram a China a se erguer no cenário internacional, mencionando Dilma como uma amiga de longa data que compartilhou da trajetória de crescimento e resiliência da China. Ele destacou que os firmes amigos da China nunca serão esquecidos pelo povo chinês e que o país está comprometido em trabalhar junto a nações parceiras para alcançar a paz e o progresso global.

Ao final da cerimônia, Dilma expressou sua gratidão pela condecoração e reforçou seu compromisso com o fortalecimento das relações sino-brasileiras e a busca por um mundo mais justo e equilibrado. “O compromisso assumido pela China com a reforma e abertura não apenas permitiu a retirada de centenas de milhões de pessoas da pobreza, como contribuiu, de forma significativa, para o crescimento econômico e a estabilidade globais”, disse Dilma. 

Dilma é a segunda latino-americana a receber a medalha, depois do ex-presidente cubano Raúl Castro. Em agosto, Brasil e China celebraram o 50º aniversário das relações diplomáticas.

As homenagens incluiram militares, cientistas, trabalhadores da cultura e da saúde. Com 93 anos de idade, Huang Zongde, foi lembrado pela participação na revolução que triunfou em 1949 – conhecida na China como Guerra da Libertação. Ele também esteve na resistência contra a agressão dos EUA na Coreia. 

(por Cezar Xavier)