Ryan Routh em ato de apoio ao regime de Kiev | Foto: AFP

Acabou apenas sendo a interrupção de uma partida de golfe antes do quinto buraco, com Donald Trump ileso, no domingo, o que poderia ter sido a segunda tentativa de assassinato do ex-presidente e candidato republicano em três meses. O biliardário culpou a “retórica” de campanha de Biden/Kamala pelo ataque, enquanto o presidente pato manco alegava que a “violência política não tem lugar na América” e a candidata democrata se dizia “feliz” de que tudo haja terminado bem.

O quase atirador foi identificado como Ryan Wesley Routh, de 58 anos, que estava a cerca de 500 metros do local onde Trump se divertia, com um fuzil AK-47, no campo de golfe de Trump em West Palm Beach, na Flórida, escondido pela vegetação.

Um agente do serviço secreto norte-americano, incumbido de dar proteção ao candidato, percebeu um cano de arma na cerca e interveio, levando Routh a fugir, mas ele acabou preso mais tarde em uma estrada interestadual. De acordo com a mídia, Routh é um esquisitão, que idolatra o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e odeia Trump, e que se declara, nas redes sociais, um ardente defensor da “democracia”.

Em 2022, ele foi à Ucrânia prestar solidariedade aos neonazistas no poder em Kiev contra os russos malvados. Nesta segunda-feira, ele foi levado a um tribunal, onde foi formalmente acusado por dois crimes com arma de fogo, e permanece preso.

De acordo com o apresentador da Fox News, Sean Hannity, amigo do ex-presidente e que falou com ele e com seu parceiro de golfe, em segundos os agentes do Serviço Secreto “saltaram sobre” Trump e o “cobriram” para protegê-lo. Momentos depois, um carrinho conseguiu tirar Trump do local. Nesta segunda-feira, segue tudo normal para Trump, que inaugurará a plataforma de criptomoedas de seu filho em um evento em Mar-a-Lago.

Passado o estupor, Trump postou que estava bem e se gabou de que não se renderia. “Eu sou Donald J. Trump. NÃO TENHO MEDO! Estou seguro e bem, e ninguém se machucou. Graças a Deus! Mas, há pessoas neste mundo que farão o que for preciso para nos impedir”, ele exibiu em sua Página de Arrecadação (nessas horas é que se comprova o espírito prático norte-americano).

Em entrevista à rede de TV “Fox News”, o candidato republicano afirmou que o suspeito de tentar assassiná-lo “acreditou na retórica de Biden e Harris e agiu de acordo com ela”. “Essa retórica está fazendo com que disparem contra mim”, disse Trump à rede norte-americana.

Curiosamente, Trump ignorou sua própria retórica no 6 de janeiro de 2021, quando seus apoiadores, após invadirem o Capitólio,  gritavam “enforquem Pence” e “Nancy [Pelosi], cadê você, venha brincar”, depois da convocação dele à turba para que “lutassem até o inferno”.

Também não parece muito moderada sua própria retórica no debate com a alegre Kamala, em que assombrou eleitores com “imigrantes comendo pets” roubados dos vizinhos em Springfield, Ohio, ou a “gang de venezuelanos” ocupando casas em Aurora no Colorado, prenúncio de “uma Venezuela em esteróides”. Ou que os países não brancos estão “esvaziando suas prisões e manicômios” e enchendo os EUA de imigrantes, “assassinos e terroristas”, que Biden aceita, para fabricar falsos eleitores.

Por sua vez, por trás da proclamação, por Biden e Kamala, que os EUA são “a nação excepcional” enquanto ameaça o planeta com guerra para manter sua “ordem mundial unipolar” e asseveram que as únicas eleições que valem são aquelas chanceladas pela Casa Branca, o que há é uma retórica supremacista e antidemocrática até os cueiros.  Ou, ainda, que o genocídio que Israel perpetra em Gaza é um suposto “direito de defesa”.

Como diz o ditado, são as galinhas voltando para ciscar em casa. Roth parece ter levado demasiado a sério a retórica de Biden e Harris, que maquia sua guerra (e da Otan) por procuração contra a Rússia na Ucrânia de “salvação da Ucrânia”. Foi de mala e cuia oferecer mercenários a Kiev (afegãos treinados pelo Pentágono), até posou com o Batalhão Azov, e agora, na cabeça dele, quase salvou a democracia. E não adiantou nada levar a câmera Go-Pro para a foto inesquecível para as redes. Também não teve foto “Ivo Jima 2.0” e a eleição nos EUA continua encruada.

Fonte: Papiro