Cúpula China-África consolida relação estratégica pelo desenvolvimento
Um terço da população mundial vive na China e na África, e não haverá modernização global sem a modernização da China e da África, disse o presidente Xi Jinping em um discurso na cerimônia de abertura da Cúpula de 2024 do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC) nesta quinta-feira (5), chamando a transformar os laços ganha-ganha bilaterais em uma relação estratégica.
“Dando as mãos para avançar na modernização e construir uma comunidade China-África com um futuro compartilhado,” é o tema do fórum deste ano. Representantes de 53 países africanos e organizações regionais africanas foram a Pequim consolidar uma cooperação que contribuirá para a amizade entre as nações do sul global.
“A amizade entre a China e a África transcende o tempo e o espaço, supera montanhas e oceanos e atravessa gerações. Nos últimos 24 anos, especialmente na nova era, a China avançou de mãos dadas com nossos irmãos e irmãs africanos no espírito de sinceridade, resultados reais, amizade e boa fé.”, afirmou Xi, após dar as boas vindas aos chefes de Estado, ao presidente da União Africana, Mohamed Ould Cheikh El Ghazouanai, e ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.
“Estamos ombro a ombro uns com os outros para defender firmemente nossos direitos e interesses legítimos, à medida que mudanças que ocorrem uma vez a cada século varrem o mundo. Ficamos mais fortes e resilientes juntos, aproveitando a maré da globalização econômica, proporcionando benefícios comuns e tangíveis a bilhões de chineses e africanos”, acrescentou o presidente chinês, classificando a amizade China-África de “exemplo estelar de um novo tipo de relações internacionais”.
Ele destacou, ainda, que “no caminho para a modernização, ninguém e nenhum país deve ser deixado para trás”, e enfatizou que a modernização deve ser justa e equitativa, aberta e ganha-ganha, colocar as pessoas em primeiro lugar, caracterizar-se pela diversidade e inclusão, e ser ecologicamente correta e sustentada pela paz e segurança.
A África é um continente importante para a China. Oportunidades econômicas, mercados, recursos naturais e o avanço rumo a uma maior cooperação e solidariedade entre países do sul global. Criado em 2000, o Fórum China-África cimentou a cooperação multilateral entre a China e os países africanos, com Pequim inovando na parceria, entregando obras de infraestrutura em troca de matérias primas, em um esforço mútuo que abarcou, ainda, comércio, investimentos, desenvolvimento industrial, saúde, agricultura e educação.
Bem dizendo, foi a semente do tipo de relação que a China propôs depois ao Sul Global, através da assim chamada Nova Rota da Seda, ou, Iniciativa do Cinturão e Rota, que hoje se estende a mais de 150 países, buscando criar novas infraestruturas de rotas de comércio, gerando empregos e avanços tecnológicos e econômicos para os países envolvidos.
Há 15 anos, a China é o maior parceiro do continente africano: o comércio bilateral entre a China e os países africanos em 2023 foi de US$ 282,1 bilhões e o investimento da China na África passa de US$ 40 bilhões. Era de US$ 10,5 bilhões em 2000 – um aumento de quase 26 vezes nas trocas comerciais.
Os dois lados cooperaram para construir e melhorar quase 100.000 quilômetros de estradas, mais de 10.000 quilômetros de ferrovias, quase mil pontes e cem portos. Com a ajuda da China, a construção de várias estradas, pontes e portos promoveu a conectividade no continente africano.
Para os países africanos que sofreram forte interferência de forças externas no passado, a China, que também já sofreu com a pilhagem colonial, conseguiu quebrar o “paradoxo da modernização” e dissipou o equívoco de que “modernização é igual a ocidentalização”, ao embarcar em um novo caminho com independência e autonomia, segundo estudiosos africanos.
No discurso, Xi propôs um plano de 10 pontos ao longo de três anos para alcançar novos avanços nas relações China-África e anunciou um financiamento equivalente a US$ 50 bilhões de dólares. 33 países africanos que estão incluídos no grupo de países menos desenvolvidos no mundo terão zeradas tarifas alfandegárias de exportação para a China. O plano envolve ainda a geração de 1 milhão de empregos e criação de centros de formação.
“O notável histórico de desenvolvimento da China – incluindo a erradicação da pobreza – fornece uma riqueza de experiência e conhecimento especializado” para o continente africano, afirmou o secretário-geral da ONU, que classificou “a parceria da China com o continente africano” como “o principal pilar da cooperação Sul-Sul”.
Entre os líderes presentes ao Fórum estão o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, cujo país é o maior parceiro africano da China e a mais industrializada nação africana, além de parceiro nos Brics. Ao visitar Shenzhen, para muitos o Vale do Silício chinês, Ramaphosa esteve nas sedes da BYD e da Huawey. Ele manifestou a intenção de seu governo de desenvolver a indústria de veículos elétricos.
Para o presidente da República Democrática do Congo, Felix Tshisekedi, o Fórum estabelece “um novo posicionamento das relações China-África e uma série de medidas importantes para promover conjuntamente a modernização, traçando assim um novo plano para as nossas relações”.
“A China está dizendo ‘vamos juntos’. A iniciativa chinesa visa alcançar a modernização e a industrialização por um futuro melhor, não será feito pelos EUA ou outras grandes potências, mas por todas as potências juntas, pois somos todos parceiros”, disse ao jornal Global Times Rana Mohamed Abd El AAl Mazid, chefe e professor associado de ciência política da Universidade do Canal de Suez, no Egito.
Fonte: Papiro