Comunistas destacam atuação política de Leci Brandão
Personalidades de diferentes campos celebram o legado de Leci Brandão. Veja quem destacou sua atuação política no Portal
Neste 12 de setembro de 2024, várias figuras públicas fizeram suas homenagens à sambista e deputada estadual Leci Brandão (PCdoB-SP), que completou 80 anos. Com uma trajetória marcada pelo compromisso com a cultura popular, a defesa da igualdade racial, dos direitos das mulheres e da população LGBT+, Leci é indispensável na política e na música brasileira.
De colegas de parlamento a lideranças do movimento estudantil e militantes sociais, todos prestaram seus tributos à deputada, relembrando sua contribuição inestimável para o Brasil. Cada um destacou uma faceta da sua rica trajetória: a sambista, a parlamentar, a feminista, a antirracista, a defensora da diversidade. O Portal reuniu os depoimentos de dirigentes partidários, parlamentares e militantes para destacar esta faceta comunista da parlamentar Leci.
Orgulho de realizar a política
A deputada estadual pelo PCdoB em São Paulo tenta sobreviver à dureza da política, há quatro mandatos, com uma combinação de abertura ao diálogo e firmeza de convicções. Os colegas mais novos de plenário afirmam tê-la como referência, pelas conquistas como mulher negra, LGBT+ e de esquerda. Assim como o PCdoB, Leci se considera apoiadora do presidente Lula “desde quando ele tinha cabelo preto”.
Gosta também de dizer que Bolsonaro fazia um favor ao chamar adversários de comunistas, já que ela é uma integrante orgulhosa desta legenda à qual se filiou para concorrer pela primeira vez, em 2010, e de onde jamais pensou em sair. “Eu acho ótimo que ele não goste dos comunistas. Para mim, é uma coisa positiva”, disse ela na Folha de S. Paulo. “O pessoal do Partido Comunista do Brasil, partido ao qual eu tenho orgulho de pertencer, vive me dizendo que eu já nasci comunista e não sabia. Eu acho que sim, e tenho muito orgulho por isso”, afirmou Leci, por ocasião do lançamento de sua biografia ‘A filha da Dona Lecy – A trajetória de Leci Brandão’, de Fernanda Martins, em 2022.
Falando em bolsonarismo, Leci foge das polemizações vazias em plenário, onde prefere ganhar tempo discutindo as questões que interessam ao seu povo preto, de periferia, do samba, da cultura, dos terreiros, da umbanda, do candomblé, os estudantes, trabalhadores precarizados, e tantos outros que ela faz questão que ocupem espaço nos plenários da Assembleia.
“Nunca usei a tribuna para ofender quem quer que seja e sempre consegui resolver minhas coisas e encaminhar meus projetos. Eu parto deste princípio: defendo os meus, o meu povo; não fico unicamente ofendendo [os outros]”, explica. “Nós todos estamos aqui porque o povo nos colocou.”
Confira abaixo o que disseram sobre Leci:
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A Leci antirracista sempre foi muito atual e contundente
Vida e obra celebradas no musical “Leci Brandão – Na Palma da Mão”
80 anos de Leci Brandão repercutem na imprensa
Luciana Santos, ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação e atual presidenta nacional do PCdoB, também celebrou a vida e a trajetória da parlamentar, elogiando sua coragem em usar a música como plataforma de conscientização e resistência. “Desde sempre você foi uma mulher corajosa, que usou sua música como suporte para falar do seu povo e com seu povo”, disse Luciana, destacando o papel de Leci em levantar bandeiras de luta com respeito e honra.
Renato Rabelo, presidente de honra do PCdoB, destacou a simplicidade e o foco de Leci em sua atuação política. Segundo ele, a deputada sempre soube de que lado estava e quem precisava ser defendido. “A Leci sempre teve um jeito muito intuitivo de conduzir sua vida, seu trabalho como deputada comunista. […] Ela sempre soube se posicionar sobre a situação das mulheres, das pessoas negras e LGBT+. […] Leci é um grande exemplo do que os comunistas têm feito de melhor nesses 100 anos de lutas do partido”, afirmou Rabelo, reforçando o orgulho que a militância sente ao vê-la atuando com tanta garra e dedicação.
Além de ser uma voz relevante no parlamento paulista, Leci Brandão é uma referência de esquerda no samba. Jandira Feghali, deputada federal pelo PCdoB-RJ, destacou a coerência e lealdade de Leci aos seus princípios, afirmando que ela é uma “inspiração para todas nós”. Ela também exaltou a trajetória artística de Leci, lembrando que ela foi a primeira mulher a integrar o grupo de compositores da Mangueira, uma das mais tradicionais escolas de samba do Brasil. “A arte mudou a sua vida e a sua arte muda a vida das pessoas”, afirmou Jandira.
O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) expressou sua admiração por Leci e a importância que atribui a seu mandato, sempre ao lado dos que mais precisam, sejam os trabalhadores, ou aqueles que sofrem discriminações raciais, por identidade de gênero ou orientação sexual, ou ainda intolerância religiosa.
Olívia Santana, deputada estadual (PCdoB-BA), reforçou a identidade revolucionária de Leci. “Ela que chega na política com a força dos seus orixás, com suas crenças, com sua capacidade de encantar através da música, da arte, da cultura”, disse Olívia, celebrando a longevidade da colega de partido e sua luta incansável pelas pautas antirracistas e feministas.
Jamil Murad, ex-vereador e deputado estadual pelo PCdoB-SP, foi outro a destacar a força de Leci como figura pública, tanto na música quanto na política. Ele ressaltou a coerência e a determinação da deputada, que, em quatro mandatos consecutivos, se tornou a primeira mulher negra a conquistar esse feito na Assembleia Legislativa. “Leci Brandão orgulha seus amigos, seus eleitores, orgulha o nosso povo”, declarou Jamil, reconhecendo sua importância para a sociedade brasileira.
Já Gustavo Petta, ex-deputado estadual pelo PCdoB-SP, exaltou a capacidade legislativa de Leci e sua habilidade em articular com outros parlamentares. “A Leci é uma das melhores deputadas estaduais, uma das melhores parlamentares desse país”, afirmou, lembrando com orgulho o período em que pôde trabalhar ao lado dela na Assembleia Legislativa. Para ele, Leci representa não apenas o partido, mas todo o povo de São Paulo, sempre com seriedade e compromisso.
A atuação de Leci como defensora das causas populares também foi lembrada por Emerson Catatau, ex-presidente da UPES (União Paulista dos Estudantes Secundaristas), que recordou o apoio essencial da deputada durante a ocupação da Assembleia Legislativa de São Paulo em 2016. Na época, estudantes protestavam contra o desvio de verbas da merenda escolar, e Leci se tornou uma das principais aliadas do movimento. “Ela foi para nós como uma grande mãe, uma mãe que se preocupou com aquilo que nós tínhamos que comer, […] foi essencial para os momentos mais difíceis que nós enfrentamos ali na ocupação”, relembrou Emerson.
(por Cezar Xavier)