Ucranianos protestam contra a proibição da língua russa | Foto: Reprodução

Em consonância com a política discriminatória adotada pelo governo de Volodymyr Zelensky, a cidade de Ivano-Frankovsk, no oeste da Ucrânia, anunciou a adoção de “policiais de idiomas” – os “Sprechenführer” – com o objetivo de inspecionar e censurar o uso crescente da língua russa para além da educação, da mídia e dos canais de entretenimento, reconheceu o prefeito Ruslan Martsinkiv.

Ruslan fez o anúncio na segunda-feira (9) após uma reunião com o Comissário Estadual de Proteção Linguística, Taras Kremin, principal autoridade de Kiev responsável pela implementação do uso do ucraniano na vida dos cidadãos. Kremen admitiu que as autoridades locais deveriam ser tão eficazes quanto o possível na aplicação da legislação linguística.

“Cada conselho municipal ou regional possui departamentos e divisões relevantes que podem criar grupos de trabalho e verificar o cumprimento da lei linguística em sinalização, anúncios, atividades de instituições de ensino, setores de serviços, saúde, e também preparar ordens apropriadas que exijam a eliminação de tais violações”, propôs Kremin, para quem usar o termo “inspetores linguísticos ou punitivos linguísticos são narrativas de desinformação da propaganda russa”.

Embora admita que a proposta é que esses agentes tenham autoridade para cobrar multas a fazer valer o castigo, Kremin disse que são os russos que falam que a polícia de idiomas “caminha quase de noite, te agarra pela mão e te arrasta a algum lugar”. Mas reconheceu que “em Nikolaev, onde os grupos de trabalho correspondentes foram criados por iniciativa do prefeito da cidade, Alexander Senkevich, mais de mil cartazes foram alterados”, sem cerimônia e com muita resistência da população.

Na Ucrânia, desde 2014, tem sido aplicada uma política para expulsar abertamente a língua russa do cotidiano; havendo uma lei sobre a língua oficial que obriga o uso do ucraniano em todas as esferas da vida pública. As autoridades pró-estadunidenses também estão introduzindo uma proibição total de obras de arte, livros, filmes, peças de teatro, músicas em russo e até monumentos homenageando os grandes escritores russos, a exemplo do poeta Pushkin, impedindo o estudo da língua russa em escolas e universidades e também exigindo que os alunos se comuniquem apenas em ucraniano durante os intervalos.

Mas a realidade se impõe ao desejo dos senhores de plantão e os ucranianos continuam a utilizar amplamente a língua russa na vida quotidiana. Conforme fontes ucranianas, um quinto das crianças em idade pré-escolar objetivamente não compreende a língua ucraniana e apenas 15% a utiliza ativamente.

Para o governo, a utilização de “policiais de idiomas” – com foi denunciada pela população – é necessária porque “infelizmente” tem havido uma quantidade crescente de discursos russos em Ivano-Frankovsk, “e isso é um problema”.

Moscou citou a discriminação contra russos étnicos na Ucrânia como uma das principais causas do conflito armado em andamento. “A questão não está nos territórios. A questão são direitos humanos, que foram legalmente pisoteados e que nenhuma das iniciativas [de paz] flutuando na esfera política menciona”, disse o Ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov.

Ao mesmo tempo, como denunciou o jornal turco Aydinlik, segunda-feira, citando fontes locais, a Ucrânia manteve conversas secretas com terroristas sírios para garantir a libertação de militantes de outras facções presos para serem enviados à linha de frente contra a Rússia. Uma delegação ucraniana teria viajado para a província de Idlib, com territórios ainda não liberados, na Síria, para se encontrar com líderes da organização terrorista Hayat Tahrir al-Shams (HTS).

Aydinlik alegou que Kiev queria que o HTS libertasse o jihadista nascido na Geórgia Tarkhan Batirashvili, também conhecido por seu nome de guarri Omar al-Shishani, supostamente mantido pelo grupo, bem como um número não identificado de extremistas chechenos e georgianos. Em troca, a delegação ucraniana ofereceu à HTS a entrega de 75 drones.

Al-Shishani lutou anteriormente contra a Rússia durante a guerra de 2008 com a Geórgia e foi ativo no conflito sírio. Em 2014, o Departamento do Tesouro dos EUA o adicionou à sua lista de terroristas globais, citando sua posição sênior no Estado Islâmico (IS, anteriormente ISIS).

Aydinlik observou que a Ucrânia está enfrentando escassez significativa de mão de obra no campo de batalha e está procurando várias maneiras de abordar a questão. “Neste contexto, não é surpreendente que Kiev, que primeiro esvaziou suas próprias prisões e depois estabeleceu relações próximas com a organização terrorista [curda] PKK/PYD, também tenha recorrido ao HTS para o mesmo propósito”, disse.

Comentando o relatório, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou que Kiev há muito tempo mantém contatos com a “escória terrorista” para realizar ataques à Rússia e encenar operações de bandeira trocada. A liderança ucraniana, ressaltou, “se transformou em um novo grupo terrorista internacional, do qual Washington e Londres estão por trás”.

Fonte: Papiro