Boulos aposta em “voto de chegada” para vencer em São Paulo
O deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), quer aproveitar a reta final da campanha para conquistar mais adesões na periferia. Nesta sexta-feira (27), a nove dias do primeiro turno, Boulos concedeu entrevista a jornalistas da mídia progressista.
Na primeira pergunta da coletiva, o Vermelho o questionou justamente sobre suas intenções de votos. Conforme a última pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta (26), Boulos aparece com 25%, em empate técnico na liderança com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que marca 27%. Entre eleitores com renda familiar de até dois salários mínimos, porém, Nunes abre 11 pontos percentuais diferença: 32% a 21%.
Segundo Boulos, é possível reverter a desvantagem. “Já temos crescido continuamente e vamos disputar o voto popular nesta última semana”, afirma. “Historicamente, existe o ‘voto de chegada’ na periferia. Nosso desempenho na urna é sempre melhor do que aquele percentual que vemos nas últimas pesquisas antes da votação.”
Em sua opinião, as “disparidades” de campanha no primeiro turno devem se atenuar no segundo, a começar pelo equilíbrio na propaganda eleitoral na televisão e no rádio. “Hoje, o Ricardo Nunes tem 65% do tempo de TV”, destaca Boulos. Dos 10 minutos diários de horário eleitoral, o prefeito tem 6 minutos e 30 segundos, contra 2 minutos e 22 segundos de Boulos. “A TV ainda tem um peso grande na periferia. No segundo turno, com tempos de TV iguais, vamos crescer.”
A discrepância atual se deve ao tamanho das coligações. Com orçamento recorde na prefeitura e uso despudorado da máquina pública, Nunes aliciou para sua chapa 12 partidos do Centrão, da direita e da extrema-direita. Volta e meia, o prefeito lembra que tem o apoio de 500 candidatos a vereador.
Já Boulos reuniu oito partidos na Coligação Amor por São Paulo. Além do PSOL, sua candidatura conta com o apoio de PT, PCdoB, PV, Rede, PDT, PCB e PMB. “Não temos tanto tempo de TV, mas esta é a maior frente que o campo progressista já organizou em São Paulo”, diz Boulos. “No segundo turno, com o fim da campanha a vereador e a desmobilização dos candidatos à Câmara, é a militância que faz a diferença e segue ali firme na campanha.”
Outro trunfo no segundo turno é a realização de debates “cara a cara”, já que Nunes e Boulos terão necessariamente de se enfrentar. “Até aqui, como há muitos candidatos, o Nunes está fugindo das perguntas. No segundo turno, isso não será possível”, afirma Boulos.
Em “condições iguais”, o candidato do PSOL acredita que será possível comparar melhor os projetos e denunciar o caráter eleitoreiro das obras da prefeitura neste último ano de gestão. De acordo com Boulos, a maioria dessas obras é “suspeita e questionável”.
Daqui até a véspera da votação, a campanha de Boulos pretende organizar uma carreata por dia em distritos da periferia paulistana. As próximas serão na Capela do Socorro, neste sábado (27), e na Brasilândia, no domingo (28). Para 5 de outubro, véspera da votação, está prevista uma caminhada na Avenida Paulista, com a participação do presidente Lula.