Foto: CNI

O Banco Central (BC) divulgou, nesta quinta-feira (26), seu relatório trimestral de inflação e nele melhorou a projeção do PIB (Produto Interno Bruto) para 2024. Antes previsto em 2,3%, agora a entidade revisou a estimativa e diz que o Brasil fechará o ano com alta de 3,2%, ou seja, um grande aumento, de 0,9%.

“O ritmo de crescimento da atividade econômica tem sido forte e superado as expectativas, expresso pelo crescimento significativo do PIB no primeiro semestre do ano”, traz o relatório.

Assim como no ano passado em que foram constantes as revisões para cima, o bom momento econômico segue no país e torna inevitável a rendição aos números entregues pelo governo Lula, a despeito da alta de juros injustificável promovida pelo próprio BC que prejudica um potencial de crescimento ainda maior.

Sobre a revisão trazida no relatório, é apontado que o “crescimento da economia brasileira voltou a surpreender positivamente no segundo trimestre de 2024” e que o “impacto das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a atividade econômica foi menor que o esperado”. Além disso, o texto não deixa de ressaltar que o “mercado de trabalho está aquecido, com taxa de desemprego muito próxima da menor dos últimos dez anos”.

Por não ser possível brigar com os fatos, muito menos com os números, ainda mais porque o Boletim Focus aumenta a cada semana a projeção para o PIB (hoje já está em 3%) e o Ministério da Fazenda já havia revisado a estimativa também para 3,2%, o BC acompanhou os cálculos.

No entanto, não deixou de lançar uma suspeita sobre 2025, ao que tudo indica, somente para passar o próximo ano revisando, novamente, as estimativas. Para o ano que vem o BC projeta um crescimento de 2%, pois, de acordo com o relatório, está “em linha com a expectativa de menor impulso fiscal” e em “perspectiva de menor ritmo de crescimento no segundo semestre de 2024”.

Para lembrar, em 2023 o PIB brasileiro cresceu 2,9%, sendo que o Boletim Focus, relatório do Banco Central que reúne as expectativas do mercado financeiro, apontava para um PIB de 0,77% no início daquele ano, no comunicado de 13 de janeiro.

Inflação

A inflação projetada para 2024 pelo Banco Central foi de 3,9% para 4,3% entre os relatórios. Mesmo com o aumento a inflação ficaria dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional que coloca como centro da meta 3%, com uma variação que permite cumpri-la ao ficar em 1,5% na banda inferior e em 4,5% na banda superior.

Conforme o relatório, a inflação que é medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE, teve aumento pois:

  • A inflação acumulada em 12 meses aumentou de 3,8% em maio para 4,2% em agosto;
  • As medidas de núcleo da inflação também subiram;
  • As expectativas dos analistas econômicos para a inflação no curto e médio prazo pioraram, afastando-se ainda mais da meta de inflação.

Segundo o BC, a probabilidade de a inflação ultrapassar o limite superior do intervalo de tolerância passou de 28% para 36% neste ano.

Entre algumas das justificativas para o aumento de 0,3% na projeção, consta:

  • variação positiva dos preços de alimentação no domicílio;
  • sazonalidade desfavorável e possível restrição de oferta em alguns produtos devido ao clima seco;
  • preços de bens industriais podem ser elevados influenciados pelo avanço dos preços ao produtor, pela depreciação cambial e pela majoração do IPI sobre o cigarro;
  • preços de serviços devem acelerar devido aos aumentos sazonais em passagens aéreas;
  • incerteza em relação à evolução dos preços de gasolina (quedas recentes nos preços do petróleo) e energia elétrica (chuvas abaixo do padrão e temperaturas elevadas têm aumentado a probabilidade de bandeiras de consumo restritivas).

Apesar desses apontamentos, o resultado do IPCA-15 (entendido como a prévia da inflação) de setembro desacelerou para 0,13% e ficou abaixo das projeções do mercado. O resultado apresentou este freio em relação ao mês anterior, quando o índice ficou em 0,19%. Já no mês de agosto o Brasil registrou a primeira deflação (queda de preços), de 0,02%, em 14 meses.

*Com informações BC