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Os funcionários da Embraer da Unidade Faria Lima, em São José dos Campos, rejeitaram a proposta apresentada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na terça-feira (24). A Fiesp é representante da fabricante de aviões nas discussões em relação às reivindicações da categoria na Campanha Salarial 2024.

“Os trabalhadores da Embraer rejeitaram a proposta apresentada pela Fiesp e vão seguir na luta por aumento real, reajuste maior no vale-compras e contra a retirada de direitos. Vamos seguir unidos e mobilizados, e uma greve não está descartada se a Embraer continuar inflexível”, disse o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, Herbert Claros da Silva.

De acordo com a entidade, a proposta prevê reajuste salarial de 5%, R$ 50 de aumento no vale-compras, o que foi considerado “irrisório” pelo sindicato, e alteração da cláusula social de estabilidade para trabalhadores com doença ocupacional e vítimas de acidente no trabalho. “Os patrões querem acabar com a garantia de emprego até a aposentadoria para esses operários e oferecer apenas 21 meses a trabalhadores com doença ocupacional e 60 meses a vítimas de acidentes de trabalho”, disse o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.

Em relação ao reajuste, a categoria afirma que a proposta é insuficiente diante dos lucros obtidos pelas empresas do setor. “A Embraer, por exemplo, registrou crescimento de receita de 19% em 2024, com lucro de 80 milhões de dólares no segundo trimestre, o que representa alta de 38% em relação ao mesmo período de 2023. Além disso, a fabricante de aviões é uma das companhias mais valorizadas na Bolsa de Valores e tem recebido ajuda bilionária do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”, diz o Sindicato em nota.

Os metalúrgicos chegaram a discutir o início de uma greve, mas decidiram aguardar uma nova proposta da direção da empresa antes de cruzar os braços. Os operários das outras unidades da empresa na cidade – Eugênio de Melo e Eleb – também devem discutir a proposta durante a semana. A proposta também foi rejeitada em outras empresas do setor aeronáutico, como a Sonaca e Latecoere. 

O sindicato ressalta que “não aceita retrocesso em relação a esse direito histórico da categoria”. De acordo com a entidade, a última convenção coletiva do setor aeronáutico foi assinada em 2017 e, desde então, a Fiesp tenta mexer na cláusula. “Nos últimos anos, estes ataques vêm sempre sendo rejeitados pelos trabalhadores em assembleia, mesmo com a insistência das empresas”, denuncia.

Fonte: Página 8