A ministra Luciana Santos enfatizou a necessidade de continuar com medidas sistemáticas para enfrentar o aquecimento global e cumprir os acordos internacionais. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Os alertas de desmatamento na Amazônia, conforme divulgados hoje (7) pelo governo federal, mostraram uma queda significativa de 45,7% no período de agosto de 2023 a julho de 2024. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram desmatados 4.314,76 quilômetros quadrados (km²) de floresta, o menor valor desde o início da série histórica em 2016. Esse resultado ocorre após uma redução de 7,4% detectada no período anterior, de agosto de 2022 a julho de 2023.

Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, elogiou os esforços do governo em combate às irregularidades ambientais e destacou que a redução no desmatamento da Amazônia é um sinal positivo para as políticas públicas em vigor. Ela enfatizou a necessidade de continuar com medidas sistemáticas para enfrentar o aquecimento global e cumprir os acordos internacionais.

“A gente segue aprimorando nosso trabalho de monitoramento, produzindo informações com esse objetivo de cumprir as metas e os acordos internacionais aos quais o Brasil é signatário, e com a convicção que nos move de que o enfrentamento ao aquecimento global é pra hoje e é urgente. Precisamos fazer valer, de maneira sistemática e determinada, medidas que vão ao encontro de atender a coibir o desmatamento”, afirmou.

Os dados foram divulgados durante uma coletiva de imprensa pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima e da Ciência, Tecnologia e Inovação. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou o progresso no combate ao desmatamento, destacando a eficácia do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm). Segundo Silva, todos os eixos do plano estão em funcionamento, incluindo o “ordenamento territorial e fundiário”, que visa a destinação adequada das áreas ainda não regulamentadas.

A região amazônica registrou uma redução absoluta de 3,6 mil km² na área desmatada no período anual. Apesar disso, julho de 2024 apresentou um aumento de 33% nos alertas de desmatamento em comparação com o mesmo mês do ano anterior. João Paulo Capobianco, secretário-executivo do MMA, comentou que julho costuma apresentar maiores índices de desmatamento e que o aumento atual segue um ano de significativa redução.

Desmatamento no Cerrado

Contrapõe-se a boa notícia da Amazônia o aumento de 9% no desmatamento do Cerrado, que atingiu aproximadamente 7.015 km² entre agosto do ano passado e julho deste ano. Esse é o maior índice registrado desde o início dos alertas em 2017. Apesar disso, o governo observou uma tendência de queda nas supressões de vegetação nativa nos últimos quatro meses.

O Observatório do Clima apontou que a alta nos alertas de desmatamento no Cerrado pode refletir uma mudança da destruição ambiental da floresta para a savana, com a expansão da produção agropecuária. A entidade destacou que o controle federal na região é menos rigoroso devido ao predomínio de terras privadas e à concessão mais permissiva de licenças para o corte de vegetação.

No entanto, Capobianco acredita que o aumento do desmatamento no Cerrado é um fenômeno recente e que os esforços contínuos, incluindo o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Bioma Cerrado (PPCerrado), podem levar a uma redução consistente nos próximos anos.

Os dados revelam uma melhoria significativa no controle do desmatamento na Amazônia, refletindo os esforços do governo em políticas ambientais. No entanto, o aumento do desmatamento no Cerrado indica desafios persistentes, especialmente na regulamentação e fiscalização das atividades agropecuárias. A expectativa é que as medidas em curso contribuam para uma tendência de redução no futuro próximo.

Os números foram divulgados na coletiva de imprensa realizada em Brasília, com os dados sendo extraídos do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) e do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes). A pesquisa foi realizada entre agosto de 2023 e julho de 2024.

(por Cezar Xavier)