Corpos não identificados são devolvidos em Gaza. Foto: Mohammed Asad/ Monitor do Oriente Médio

A desumanidade com que o governo de Israel trata o povo palestino, ao que parece, não tem limites. Como se não bastasse toda brutalidade dos ataques perpetrados desde outubro, denúncias publicadas recentemente apontam para a entrega de corpos em pedaços, tortura e abusos de presos e profanação de túmulos.

Conforme informado por agências internacionais, Israel devolveu 89 corpos de palestinos, em estado de decomposição ou simplesmente ossos, de “forma desumana”, segundo o governo da Faixa de Gaza, comandado pelo Hamas. As autoridades locais afirmaram não saber ainda a origem dos restos mortais, se seriam de presos ou se retirados de túmulos. 

Também foi noticiado que cerca de dois mil corpos teriam sido “roubados” pelas forças israelenses de cemitérios desde o início dos conflitos, em outubro do ano passado. 

“Ao longo de 304 dias de genocídio, a ocupação sequestrou mais de 2 mil corpos de mártires e pessoas mortas de dezenas de cemitérios nas províncias da Faixa de Gaza, que a ocupação destruiu com tratores e veículos militares e revirou seus túmulos, em uma cena que viola a humanidade e os sentimentos humanos”, afirma declaração emitida pelo Gabinete de Imprensa do Governo de Gaza. 

De acordo com moradores de Gaza, soldados israelenses teriam escavado sepulturas no cemitério de Bani Suhaila, em diversas ocasiões. 

Por outro lado, Israel diz que “não tem nenhuma política de danificar ou profanar cemitérios”. De acordo com o Estatuto de Roma, que criou o Tribunal Penal Internacional, esse tipo de profanação é um crime de guerra. 

Outra grave denúncia recente, feita pelo grupo israelense de direitos humanos B’Tselem, destaca que Israel tem torturado e abusado de prisioneiros desde o início dos confrontos. Foram relatados casos de violência arbitrária e sexual, entre outros tipos de maus tratos. 

“Os depoimentos indicam claramente uma política sistemática e institucional focada no abuso e na tortura contínuos de todos os prisioneiros palestinos detidos por Israel”, diz relatório da entidade. Da mesma forma como ocorre em outras denúncias desse tipo, o governo de Benjamin Netanyahu nega os abusos. 

Fome como arma de guerra

Outro fato cruel imposto aos palestinos pelas forças israelenses é a fome, que vem sendo usada como instrumento de guerra e pressão em Gaza. 

Mas, para o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, bloquear a ajuda humanitária à Faixa de Gaza é “justificado e moral”, mesmo que isso signifique a privação alimentar extrema e o risco à vida de milhões de civis. 

“Não podemos, na realidade global atual, administrar uma guerra. Ninguém nos deixará fazer com que 2 milhões de civis morram de fome, mesmo que isso possa ser justificado e moral, até que nossos reféns sejam devolvidos”, declarou o ministro, friamente, ao canal Israel Hayom. 


Com agências

Edição: Priscila Lobregatte