Candidato de Washington não atende à convocação do Supremo da Venezuela
Mancomunado com a Casa Branca, Edmundo González Urrutia desrespeitou a convocação da Câmara Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) para uma audiência, na manhã desta quarta-feira (7), e se negou a entregar a documentação exigida, após sua divulgação de denúncias de fraude.
O objetivo expresso pela chamada era precisamente o de que, ao apresentar as atas, pudesse dirimir eventuais dúvidas que tem levantado com respaldo de Washington desde que Nicolás Maduro teve sua reeleição proclamada.
Embora o resultado tenha sido oficializado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o governo norte-americano emitiu um comunicado no qual garante que, com base em “evidências contundentes” não apresentadas, conclui que Edmundo González foi o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho.
Urrutia é velho frequentador dos covis da CIA. Foi operativo da agência de espionagem e golpe norte-americana nos anos 1980, na famigerada Operação Condor, tendo como alvo o levante revolucionário de El Salvador. Uma revolução popular sufocada em torturas e assassinatos como comprovou a ex-deputada salvadorenha e do parlamento Centro-Americano, Nidia Díaz.
Na ânsia de colocar seu pau mandado no Palácio Miraflores, o governo estadunidense ignorou solenemente o resultado do pleito venezuelano e, sem esperar pela publicação de atas ou contagem dos votos, saiu proclamando vencedor Urrutia, de olho nas maiores reservas de petróleo do planeta. Com esse ato de ingerência, o governo Biden volta a repetir Trump, quando em janeiro de 2019 empossou o golpista Juan Guaidó presidente interino, instalando a narrativa de “fraude” para justificar a sua política intervencionista, que também recorreu a sanções para tentar sufocar a economia venezuelana e enfraquecer o governo de Maduro.
Em carta aberta, González declarou que o procedimento junto ao órgão judicial é irregular, pois supostamente agrediria as regras estabelecidas para o processo eleitoral.
O candidato derrotado procurou justificar o não comparecimento à audiência alegando que o procedimento anunciado pelo TSJ para apresentação e conferência das atas seria irregular por representar uma “usurpação das funções constitucionais” do CNE, o mesmo órgão que Urrutia diz que fraudou as eleições.
Com uma poderosa máquina midiática, que repete suas agressões à exaustão dentro e fora do país, González sustenta que a totalização dos votos baseada nas atas disponibilizadas aos partidos e candidatos para comprovação não tenha nenhum valor. Já a sua checagem, com a solene pureza made in USA, seria a verdadeira.
Dando as costas ao conjunto dos partidos que assumiu a verificação das atas entregues, o candidato de Washington cobra “a presença de testemunhas das organizações políticas e candidatos e de observadores nacionais e internacionais”, desconhecendo que a documentação foi auditada 16 vezes, diante de mais de 635 testemunhas internacionais – incluindo especialistas eleitorais da ONU, da União Africana e de mais 65 países.
A doutora em sociologia, María Páez Victor, reiterou que a Venezuela foi vítima recentemente de “um ataque orquestrado da diplomacia e da mídia, somadas às ações do crime organizado e cibernético”. María Páez sustenta que os resultados confirmam a vitória de Nicolás Maduro, e que o objetivo do golpe armado por Elon Musk, valendo-se de hakers instalados na Macedônia do Norte, são as riquíssimas reservas de lítio, petróleo e ouro do país latino-americano.
Encurralado frente à derrota iminente e ao crescente isolamento, González qualificou de “procedimento inquisitório” o fato de o tribunal determinar “preliminarmente a existência de supostas responsabilidades penais” diante das mentiras propagadas e que não vai se sujeitar à Justiça.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Elvis Amoroso, anunciou na segunda-feira (5) ter entregue toda a documentação relevante ao tribunal, e que os próximos passos do processo de certificação incluem a oitiva com os representantes políticos. Oito dos nove candidatos se comprometeram a acatar a decisão. Um único continua se negando: Edmundo González Urrutia.
Fonte: Papiro