Cartaz contra o racismo e o fascismo em repúdio a agressões contra imigrantes em atos na Inglaterra | Foto: AFP

Milhares de pessoas tomaram as ruas de várias cidades inglesas em marchas antirracistas, nesta quarta-feira (7) à noite, em rejeição às violentas manifestações de extrema direita que acontecem no país há uma semana.

Durante o dia, havia ameaças de novos distúrbios racistas e islamofóbicos e possíveis atos violentos, especialmente contra hotéis que abrigam migrantes. Mas, no final da tarde, manifestantes antirracistas se reuniram em várias cidades deixando claro que os fascistas não terão espaço tranquilo.

O Reino Unido tem sido cenário de uma série de manifestações violentas convocadas por grupos de extrema direita, após um ataque com faca que tirou a vida de três meninas em uma festa em Southport, no noroeste da Inglaterra, e que foram alimentadas por rumores e especulações na internet sobre a identidade do suspeito do crime, falsamente apresentado como um solicitante de asilo muçulmano.

A polícia informou, no entanto, que o assassino era um britânico nascido no País de Gales.

Em Londres, os manifestantes, liderados por ativistas da associação Stand Up To Racism, entoaram slogans como “De quem são as ruas? Nossas!” e seguraram cartazes que diziam “Parem a extrema direita” e “Refugiados, bem-vindos”.

O chefe da Scotland Yard, a Polícia Metropolitana de Londres, Mark Rowley, afirmou que foi uma “noite de muito sucesso”, dizendo que os temores de desordem provocados pela direita radical foram “reduzidos” e a população se manifestou ordeiramente.

Essas concentrações são a resposta dos cidadãos aos episódios de tensão dos últimos dias, como o vivido em Rotherham, quando centenas de pessoas, incluindo vários grupos de mascarados, atiraram vários objetos e tentaram atear fogo a um hotel onde estão hospedados requerentes de asilo. Os confrontos com a polícia deixaram pelo menos uma dúzia de agentes feridos. No total, as autoridades britânicas detiveram 400 manifestantes desde o início dos distúrbios.

A deputada trabalhista do distrito de Walthamstow, em Londres, Stella Creasy, afirmou em declarações ao The Guardian que os cidadãos demonstraram que os violentos não são bem-vindos: “O nível de resposta da polícia e dos membros da comunidade mostra que não toleraremos comportamentos racistas e islamofóbicos”. Creasy acrescentou, no entanto, que o país precisa agora de iniciar uma conversa profunda sobre “a ameaça que a extrema direita representa para o nosso país”, já que as autoridades não se posicionam claramente sobre essa situação.

Em imagens gravadas em Birmingham, no centro da Inglaterra, os presentes entoaram slogans como “Digo alto e claro, os refugiados são bem-vindos aqui”. Alguns exibiam cartazes com a frase “O fascismo não é bem-vindo”.

Também foram organizadas manifestações em Bristol, no oeste, e em Liverpool, no norte, ao redor de um prédio de uma associação de ajuda aos solicitantes de asilo. As marchas antirracismo aconteceram também em Brighton, Oxford, Southampton, Birmingham, Newcastle e outras cidades do país.

Fonte: Papiro