Foto: José Paulo Lacerda/Divulgação CNI

Em maio de 2024, a indústria de transformação registrou resultados negativos em cinco de seis indicadores, segundo a pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta terça (9).

Frente a abril, o faturamento real recuou 3,8%; o número de horas trabalhadas na produção caiu -2,3%; a massa salarial ficou 1,5% em baixa; o rendimento médio do trabalhador apresentou um decréscimo de 1,2% e o nível de utilização da capacidade instalada marcou menos -0,4 ponto percentual do registrado no mês imediatamente anterior.

Já o emprego na indústria de transformação ficou estagnado, ao marcar 0% de crescimento na passagem de abril para maio de 2024.

A CNI aponta que parte dos indicadores refletem a tragédia climática no Rio Grande do Sul, que afetou diretamente dezenas de plantas industriais e a logística do estado, além da queda na produção de veículos.

Na comparação com maio de 2023, apenas o faturamento recuou 2,8%. No acumulado de meses de 2024 até maio, todos os indicadores marcaram avanços, “o que indica melhora da atividade industrial em relação a 2023”, diz a economista Larissa Nocko da CNI.

A indústria de transformação, que corresponde por mais de 80% da indústria brasileira, segue sendo afetada pelo alto custo do crédito e pela restrição da demanda por consumo, que são impostos pelos juros altos do Banco Central (BC).

De acordo com o IBGE, a queda da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) tiveram as maiores influências no resultado da produção industrial de maio, quando recuou 0,9% frente a abril. A produção da indústria de transformação caiu 2,2% na mesma comparação, após ficar estagnada em abril (0%),

Em junho, o Copom do BC decidiu paralisar o ciclo de corte – minguado – na taxa básica de juros (Selic), estacionando a taxa em 10,5% ao ano. Assim, com uma taxa de juro real próximas dos 7% (descontada a inflação), o Brasil tem a segunda maior taxa de juro real do planeta.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) alerta que ao interromper o corte no juro, o BC irá impor mais dificuldade à indústria. “Os sinais promissores, na entrada do ano, de um desempenho mais robusto vai dando lugar a um cenário mais nebuloso, não apenas pelo bloqueio de atividades produtivas devido às chuvas no sul do país, mas também pela interrupção da fase de redução da taxa básica de juros (Selic)”.

“Em maio, todos os macrossetores perderam produção. As quedas foram mais intensas justamente para aqueles que vinham puxando o crescimento no início do ano: -5,7% em bens de consumo duráveis e -2,7% em bens de capital, já descontados os efeitos sazonais. Ambos os setores são mais sensíveis às taxas de juros e condições de crédito”, assinala o Iedi.

Fonte: Página 8