Foto: Gilson Abreu/AEN-PR

Na passagem de abril para maio de 2024, a produção industrial caiu em nove dos 15 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acompanhando a queda da média da indústria nacional no período (-0,9%). 

“É o segundo resultado negativo seguido da indústria, acumulando perda de 1,7% nesse período. Fatores macroeconômicos vêm impactando na produção industrial. Apesar da melhora do mercado de trabalho, com redução da taxa de desemprego, e do aumento do rendimento médio dos trabalhadores, os juros continuam em um patamar elevado. Isso leva a um encarecimento do crédito, atingindo diretamente a cadeia produtiva pelo lado da oferta, e afeta a renda disponível das famílias, retraindo o consumo. A inflação também influenciou”, explica Bernardo Almeida, analista da PIM Regional.

No parque industrial do estado de São Paulo, que é o maior e o mais diversificado do país, o recuo foi de -0,2%, conforme os dados divulgados pelo IBGE, na sexta (12). “Os setores de veículos automotores; e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos foram os que mais influenciaram o comportamento da indústria paulista. Esse resultado vem após o avanço de 1,9% no mês anterior e deixa a indústria do estado 1,6% acima do seu patamar pré-pandemia”, destaca Bernardo.

Já as quedas mais intensas de produção foram no Rio Grande do Sul (-26,2%) e Espírito Santo (-10,2%). As demais baixas foram registradas no Amazonas (-5,3%), Ceará (-4,5%), Pernambuco (-3,7%), Minas Gerais (-3,3%) e Paraná (-1,7%) e Santa Catarina (-0,5%). Do lado dos resultados positivos do mês ficaram: Pará (12,6%),  Bahia (8,2%), Região Nordeste (3,6%), Goiás (1,3%), Mato Grosso (0,6%) e Rio de Janeiro (0,1%).

Ao destacar que em maio a indústria brasileira registrou recuo em 60% de seus parques regionais, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) afirma que “a despeito da intensidade do impacto do recente desastre climático, o desempenho industrial do Rio Grande do Sul já vinha fraco há mais tempo. No 1º semestre de 2023 sua produção havia caído -6,1% e no 2º sem/23, -3,6%”, observou. “O resultado de mai/24, porém, transformou uma recuperação de +5,2% no acumulado jan-abr/24 em uma retração de -1,1% em jan-mai/24, comprometendo, assim, a performance da primeira metade do ano”. 

Em maio, a produção industrial nacional recuou 0,9% frente a abril de 2024 (-0,8%), mas “diferentemente do mês anterior”, ressalta o IEDI, “todos os macrossetores e a maioria dos seus ramos ficaram no vermelho”.

Com o segundo resultado negativo consecutivo, a produção da indústria nacional acumula perda de 1,7% no período, o que elimina o ganho de 1,1% obtido no acumulado entre fevereiro e março deste ano.

No quinto mês de 2024, aponta o IEDI, “a indústria de transformação ficou no vermelho (-2,2% ante 0% em abril/24)…”. Além disso, segue o instituto, “todos os macrossetores perderam produção. As quedas foram mais intensas justamente para aqueles que vinham puxando o crescimento no início do ano: -5,7% em bens de consumo duráveis e -2,7% em bens de capital, já descontados os efeitos sazonais. Ambos os setores são mais sensíveis às taxas de juros e condições de crédito”, ressalta a entidade.

Diante destes resultados, o IEDI avalia que “os sinais promissores, na entrada do ano, de um desempenho mais robusto vai dando lugar a um cenário mais nebuloso, não apenas pelo bloqueio de atividades produtivas devido às chuvas no sul do país, mas também pela interrupção da fase de redução da taxa básica de juros (Selic)” pelo Banco Central (BC).

Fonte: Página 8