Foto: José Paulo Lacerda/Agência CNI

A produção industrial nacional recuou 0,9% em maio frente a abril de 2024 (-0,8%), na série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (3). No mês, todas as quatro grandes categorias industriais e 16 das 25 atividades do setor tiveram queda nas produções.

Com o segundo resultado negativo consecutivo, um período em que acumula perda de 1,7%, a indústria elimina o ganho de 1,1% obtido no acumulado entre fevereiro e março deste ano.

Já a indústria de transformação em maio variou em queda de -2,2% ante a abril de 2024, época que marcou estagnação em sua produção (0%). Já a fabricação de máquinas e equipamentos recuou -3,5% na mesma base de comparação.

Com o resultado, a indústria de transformação – considerada como principal ramo da indústria brasileira – também elimina os ganhos na sua produção registrados entre fevereiro (+0,5%) e março (+1,2%).

Na comparação com maio do ano passado, a produção nacional caiu 1,0%. Já no acumulado do ano, a alta é de 2,5%. Nestes casos, o IBGE não considera o cálculo de ajuste sazonal, quando são descontados os efeitos sazonais, como incidentes climáticos etc., por exemplo, que incidem sobre os dados do mês.

Com o resultado negativo de maio, a indústria está operando 1,4% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 17,8% abaixo do pico mais alto da série, alcançado em maio de 2011.

Na passagem de abril e maio, todas as quatro grandes categorias industriais apresentaram perdas em suas produções: bens duráveis (-5,7%), bens de capital (2,7%), bens intermediários (0,8%) e bens semi e não duráveis (0,1%). Em relação a maio de 2023, destaca-se a queda na produção de bens duráveis (10,6%).

Em que pese a interferência dos efeitos econômicos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre os indicadores da indústria, a produção industrial brasileira segue encontrando dificuldade para avançar frente a restrição dos investimentos imposta pela política de juros altos do Banco Central (BC).

Atualmente, a taxa de juros Selic está 10,5% ao ano, o que impõe juros reais (quando descontada a inflação) próximos dos 7%, o que eleva não só os custos do capital das empresas, mas também para os consumidores. O Brasil é o segundo maior cobrador de juros do mundo, segundo o ranking global de juros reais da consultoria financeira MoneYou.

As fortes chuvas abateram diversas cidades do estado gaúcho no final de abril (27) e ficaram mais intensas no começo de maio, gerando desgraças como desabamentos de terra e enchentes, que prejudicaram o acesso a estradas, mas também a produção de empresas locais e agropecuária.

Em maio, explica o gerente da pesquisa, André Macedo, “a indústria intensificou a queda que já tinha sido registrada no mês anterior [abril]”.

“Houve predominância de resultados negativos de forma geral, com queda na margem e na comparação com maio do ano anterior, interrupção da trajetória ascendente no índice de média móvel trimestral e perda de intensidade no ritmo de expansão no acumulado do ano e dos 12 meses anteriores”, disse Macedo, ao atrelar as chuvas no Rio Grande do Sul como fator para a piora do resultado da indústria geral.

Das 25 atividades industriais investigadas pelo IBGE, 16 recuaram em maio, sendo veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,7%) e produtos alimentícios (-4,0%) as atividades que tiveram as maiores influências negativas para o resultado geral da indústria.

“No setor de veículos automotores, houve o impacto direto e indireto das plantas industriais locais que paralisaram durante um tempo. Nesse período, tanto a montadora de veículos quanto as fábricas de autopeças registraram paralisações em suas produções em decorrência das chuvas e isso afetou também o abastecimento para a produção de bens finais no resto do país”, destacou o gerente de pesquisa do IBGE.

Em maio, se destacam também as quedas de produtos químicos (-2,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%), produtos do fumo (-28,2%), metalurgia (-2,8%), máquinas e equipamentos (-3,5%), impressão e reprodução de gravações (-15,0%) e produtos diversos (-8,5%).

Fonte: Página 8