Vitória da Frente Popular foi celebrada nas ruas de Paris | Foto: Loic Venance/AFP

“Para nós, chegou a hora de agir a serviço das aspirações que o nosso povo acaba de expressar, da sua necessidade de mudanças profundas e duradouras, da sua expectativa de salários dignos, de empregos de qualidade, de serviços públicos reconstruídos, de proteção em todos os aspectos da sua vida quotidiana. A resposta às emergências sociais e climáticas exigirá importantes recursos financeiros e democráticos renovados”, diz a declaração do Partido Comunista Francês (PCF), que compõe a coligação formada ainda pela França Insubmissa, Partido Socialista, e Ecologistas, ao celebrar a vitória contra o “perigo da extrema direita” para a democracia.

“Os franceses, na diversidade do seu voto, levaram a Nova Frente Popular ao topo da votação e frustraram o cenário de maioria absoluta do grupo Reunião Nacional (RN) na Assembleia”, assinala a declaração. O comunicado do PCF foi divulgado no dia 07 de Julho, logo após os resultados do segundo turno das eleições legislativas no país.

Alerta ao avanço do fascismo no país, o PCF constata que “Reunião Nacional, no entanto, fez progressos muito significativos na Assembleia Nacional. Ele continua sendo um sério perigo para a República. A nossa mobilização, a nossa unidade serão, portanto, essenciais no período que se abre.”

“Podemos abrir um caminho de esperança para a França.  Estejamos à altura da imensa esperança de mudança expressa pelos franceses e as francesas”, concluem os comunistas.

A seguir, a Declaração na íntegra:

Declaração do Partido Comunista Francês (PCF)

Construir um caminho para o futuro da França

Este 7 de julho ficará para a história

Os franceses, na diversidade do seu voto, levaram a Nova Frente Popular ao topo da votação e frustraram o cenário de maioria absoluta do grupo Reunião Nacional (RN) na Assembleia.

O Partido Comunista Francês (PCF) agradece aos milhões de eleitores que se reuniram e que, durante os dois turnos, dedicaram todas as suas energias para evitar um desastre democrático.

Graças a eles e a elas, Reunião Nacional não tem a hegemonia com que sonhou para ficar com as mãos livres para minar as nossas liberdades e os valores da nossa República. 

O Reunião Nacional, no entanto, fez progressos muito significativos na Assembleia Nacional. Ele continua sendo um sério perigo para a República. A nossa mobilização, a nossa unidade, serão, portanto, essenciais no período que começa.

Os numerosos testemunhos que marcaram a campanha mostram até que ponto este avanço da extrema-direita se manifesta concretamente no nosso país pela liberação de discursos racistas, antissemitas e xenófobos e de ações violentas por parte de indivíduos ou grupos extremistas.

O Presidente da República e sua política, responsáveis ​​por esta situação, foram derrotados esta noite.

Os eleitores sancionaram fortemente Emmanuel Macron e uma política inteiramente dedicada aos interesses dos mercados financeiros, dos acionistas de grandes grupos e dos grandes patrimônios. 

Este segundo turno das eleições mostra que a esquerda unida permitiu esta sanção do poder e o indispensável levante republicano. 

Ela avança em número de assentos, mas ainda faltam muitos deputados para reunir uma grande maioria na Assembleia.

O Partido Comunista Francês, no que lhe diz respeito, saúda a eleição de Elsa Faucillon e Stéphane Peu no primeiro turno, bem como a eleição no segundo turno de Jean-Paul Lecoq, Edouard Bénard, Soumya Bourouaha, André Chassaigne, Yannick Monnet, Nicolau Sansu. Saudamos também a eleição dos nossos oito colegas de Além-Mar, bem como a de Emmanuel Maurel da Esquerda Republicana e Socialista.

Já estamos prontos para formar um grupo como no mandato anterior com a sua cultura de trabalho parlamentar.  Estamos prontos para acolher quem se encontrar nesse estado de espírito de trabalho e respeito. 

Nestas eleições, perdemos vários de nossos representantes, levados pela onda da extrema-direita que terá varrido esta grande parte da França que se sente desprezada e ignorada durante demasiado tempo. Teremos que aprender todas as lições disso. 

A esquerda deve criar as condições para reconquistar estes territórios onde o RN elegeu um grande número dos seus deputados. 

Nosso país está entrando agora em um novo período de sua história. 

Para nós, chegou a hora de agir ao serviço das aspirações que o nosso povo acaba de expressar, da sua necessidade de mudanças profundas e duradouras, da sua expectativa de salários dignos, de empregos de qualidade, de serviços públicos reconstruídos, de proteção em todos os aspectos da sua vida quotidiana. A resposta às emergências sociais e climáticas exigirá importantes recursos financeiros e democráticos renovados.

Com o espírito de responsabilidade que marcou toda a sua história, os comunistas e o seu secretário nacional, Fabien Roussel, pretendem contribuir plenamente para isso. Tomaremos coletivamente decisões nessa direção nos próximos dias.  O Partido Comunista Francês ocupará todo o seu lugar dentro da Nova Frente Popular para fazer ganhar as propostas defendidas em conjunto.

Juntas, as forças políticas este encontro proporão os melhores caminhos para consegui-lo.

Apelamos a todas as forças ativas da nação, às organizações sindicais e ao movimento associativo, aos atores do mundo da cultura e da criação, aos jovens e aos cidadãos, a se unir para construir esta esperança. 

Podemos abrir um caminho de esperança para a França.  Estejamos à altura da imensa esperança de mudança expressa pelos franceses e as francesas.

Fonte: Papiro