Cresce entre os convencionais do Partido Democrata a oposição à candidatura de Biden | Foto: Reprodução

Apesar de sua insistência em asseverar que “não vai a lugar algum” e que é candidatissimo, a crise da candidatura à reeleição de Joe Biden não dá mostras de amainar, desde seu colapso, no primeiro debate, diante das mentiras e provocações de Donald Trump. Um vídeo, feito por um transeunte ao entrevistador dele na ABC News, George Stephanopoulos, e que viralizou, acaba de mandar para o vinagre a aposta feita com a entrevista.

O âncora, de camiseta, shorts e fones de ouvido, estava andando pelas ruas de Nova York a pé na terça-feira (9) quando foi abordado por um estranho que perguntou sua opinião sobre a aptidão de Biden para o cargo.

“Não acho que ele possa servir mais quatro anos”, respondeu francamente o âncora da ABC News, que havia se sentado com Biden alguns dias antes para sua primeira entrevista na televisão pós-debate.

À noite, Stephanopoulos expressou arrependimento por sua franqueza, dizendo por meio de um porta-voz: “Hoje mais cedo, respondi a uma pergunta de um transeunte. Eu não deveria ter respondido.” Registre-se que o conhecido Clinton-boy não retirou uma linha do que disse, apenas que deveria ter ficado de boca calada.

Com o estrago já feito, a ABC News remendou que Stephanopoulos “expressou seu próprio ponto de vista e não a posição da ABC News.”

Em suma, a entrevista saiu pela culatra, e nem Stephanopoulos, escolhido a dedo pela campanha, se convenceu sobre Biden. Assim, daqui até a Convenção Democrata em Chicago em oito semanas, ele vai se deparar com uma pedreira cada vez mais íngreme.

Como registrou a CNN, “cada movimento que Biden faz, cada frase que ele profere, agora cai sob um microscópio. Pior, ele não está mais recebendo o benefício da dúvida. Na verdade, é exatamente o oposto”. Tentando se virar, Biden disse – logo ele – que não se importa com o que “as elites” pensam sobre sua candidatura.

O principal jornal norte-americano, The New York Times, voltou à carga com novo editorial em que chama o Partido Democrata a “falar a verdade pura e simples ao presidente”.

“Da base aos níveis mais altos do partido, os democratas que querem derrotar Trump em novembro devem falar abertamente com Biden. Eles precisam dizer a ele que seu desafio ameaça entregar a vitória a Trump. Eles precisam dizer a ele que ele está se constrangendo e colocando em risco seu legado. Ele precisa ouvir, clara e claramente, que não é mais um porta-voz eficaz de suas próprias prioridades”.

“O partido precisa de um candidato que possa apresentar aos americanos uma alternativa convincente à visão sombria de Trump para a América.”

Ainda segundo o NYT, Biden “tenta desafiar a realidade” e as dúvidas dos eleitores sobre sua aptidão física e mental para o cargo. E coloca o país em risco significativo “ao continuar insistindo que é o melhor democrata para derrotar Trump”.

Observa o jornal que segundo a última pesquisa Times/Siena “74% dos eleitores acham que Biden é velho demais para servir, um aumento de cinco pontos percentuais desde o debate e não um número que possa ser atribuído a algum tipo de erro ou viés”.

Para o NYT, em alguns momentos Biden “pareceu pairar à beira do autoconhecimento”, como quando disse a governadores democratas que “precisa dormir mais, trabalhar menos e evitar eventos públicos depois das 20h”.

Mas – conclui o jornal – ele resistiu “à conclusão óbvia de que um homem que precisa sair aos 81 anos não deve tentar desempenhar simultaneamente dois dos trabalhos mais difíceis e que consomem tudo do mundo – servir como presidente e concorrer à presidência.”

Fonte: Papiro