Filhos de diplomatas foram ameaçados por policiais na Avenida Prudente de Moraes, área nobre de Ipanema | Foto: Reprodução

A embaixatriz do Gabão no Brasil, Julie-Pascale Moudouté, mãe de um dos adolescentes abordados de forma violenta por policiais militares em Ipanema, Zona Sul do Rio de Janeiro, manifestou sua indignação com a agressividade da abordagem contra os garotos de 13 e 14 anos.

O caso envolveu três jovens negros, filhos de diplomatas do Canadá, Gabão e Burkina Faso, além de dois meninos brancos brasileiros, e foi registrado em vídeo por câmeras de segurança de um prédio.

Os adolescentes foram colocados contra a parede, tiveram armas apontadas para a cabeça e foram revistados enquanto deixavam um amigo na porta de casa. Em entrevista, Moudouté questionou a conduta policial.

“Como você pode apontar armas para a cabeça de meninos de 13 anos? Mesmo com adultos, você me aborda, me pergunta primeiro. E então você me diz por que está me abordando”, declarou.

Outro relato veio de Raiana Rondhon, mãe de um dos adolescentes, que usou suas redes sociais para narrar o ocorrido. Segundo ela, os jovens foram ameaçados com armas, obrigados a tirar casacos e levantar a roupa.

“Os três negros não entenderam a pergunta, porque são estrangeiros, filhos de diplomatas, e, portanto, não conseguiram responder”, contou Rondhon. Ela também destacou a diferença no tratamento da polícia com os jovens negros em comparação ao seu filho, um menino branco, que não foi empurrado violentamente contra o muro.

“Caetano, o menino branco e meu filho, disse que eram de Brasília e estavam ‘a turismo’. Após perceberem o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças para não andarem na rua, pois seriam abordadas novamente! As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros! Não há dúvida!”, ressaltou ela, denunciando o racismo na abordagem.

O incidente já mobilizou o Itamaraty e consulados no Rio. Rondhon destaca que o tratamento diferenciado dado ao seu filho branco durante a abordagem evidencia um componente racial na ação policial. “Eu alertei para tomar cuidado com o celular na rua, não deixar a mochila na cadeira da praia, mas nunca imaginei que a polícia seria a maior ameaça”, afirmou em entrevista ao RJ2, da TV Globo.

A Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que os policiais envolvidos utilizavam câmeras corporais e que as imagens serão analisadas para verificar possíveis excessos. Ressaltou ainda que disciplinas de Direitos Humanos e Ética são prioridade na formação dos agentes.

Fonte: Página 8