Desemprego causa aumento da população dos sem-teto nas cidades argentinas | Foto: Reprodução

Vendas caíram 17,2% no primeiro semestre deste ano. Previsão de empresários é de fechamento de 150 mil postos de trabalho de pequenas e médias empresas no segundo semestre.

“Com este cenário, é inviável qualquer projeto produtivo. Hoje a situação das pequenas e médias empresas é caótica, estamos a caminho do abismo”, declarou Mauro González, presidente da Confederação Federal das Pequenas e Médias Empresas da Argentina em encontro de empresários com deputados federais.

Ao criticar a devastação econômica promovida por Milei, o empresário acrescentou: “Vocês pensam que paralisando as obras públicas, desvalorizando a moeda, aumentando tarifas, aumentando aluguéis e fechando atividades do Estado, a economia vai reativar? Bem, o que lhes digo é não”

60 mil empregos foram perdidos no primeiro semestre do ano, dos quais grandes parte corresponde a trabalhadores de pequenas e médias empresas (PME) em todas as áreas da economia, desde indústria a serviços, informa a Federação Econômica da província de Buenos Aires (FEBA).

“Se o governo não fizer nada para melhorar a realidade econômica dos empresários, empreendedores e comerciantes, no segundo semestre teremos mais fechamentos no setor e, consequentemente, mais famílias com trabalhadores nas ruas”, assinalou Camilo Alberto Kahale, presidente da FEBA.

Só no setor das PME se fala num horizonte de 150 mil demissões: “No país existem cerca de 580 mil pequenas e médias empresas, das quais 50 mil são industriais. Dessas, 50 mil, entre 10% e 15% estão em crise, cerca de 7.500 empresas que reúnem 150 mil trabalhadores.

É uma projeção que fazemos com base no que aconteceu desde 2015 [governo de Mauricio Macri], considerando que a política atual é ainda mais agressiva. Então podemos dizer que esse será o número se nada for feito”, ressaltou Daniel Rosato, presidente da entidade Industriais Argentinos das Pequenas e Médias Empresas (IPA).

Segundo a Confederação Argentina de Médias Empresas (CAME), a situação não é nada favorável: as vendas no varejo das PME caíram 21,9% ano a ano para o mês de junho – a preços constantes – e acumulam uma queda de 17,2% no primeiro semestre do ano. “E tudo indica que vamos de mal a pior, porque não há sinal de qualquer gesto ou ação por parte do atual governo a favor do setor”, frisou o presidente da FEBA.

“O custo dessa política que pretende baixar a inflação está sendo muito elevado para a sociedade, a classe trabalhadora e os setores produtivos”, considerou Kahale, apontando que a entidade espera que o consumo caia 10% este ano, enquanto os salários reais – no setor privado formal – cairão em média 7%.

Os empresários de Buenos Aires também alertaram para o aumento das tarifas dos serviços, a abertura indiscriminada às importações, o problema dos elevados alugueis das instalações, a falta de crédito facilitado para as

PME e a ausência de um plano de reativação do mercado interno, agravando a crise que as pequenas e médias empresas enfrentam.

“Há 70 anos que trabalhamos para defender e cuidar das PME, passamos por milhares de crises e situações difíceis. Estamos preocupados em ver que estão ignorando a realidade. Por trás dos números que administram e projetam há famílias inteiras de trabalhadores que sempre apostaram no país e a este ritmo vão desaparecer”, constatam.

Mesmo assim, destacaram que “continuaremos solicitando reuniões com as diferentes áreas e setores, para conversar e trabalhar todas essas questões. Levamos sempre propostas e não apenas problemas. Esperamos que reajam antes que seja tarde demais”.

Fonte: Papiro