Biden desiste de manter sua candidatura a presidente | Foto: Mandel Ngan/AFP

Sob crescente pressão para desistir de sua candidatura, depois da desastrosa participação no debate com o rival Trump, há pouco mais de 20 dias, quando não soube responder às mentiras do candidato dos republicanos, nem apontar o perigo fascista do seu adversário, sem conseguir apresentar seus pontos de vista com firmeza e sem olhar direto para a câmera, desistiu neste final de domingo de concorrer à reeleição pelo Partido Democrata.

Dizendo que servir como presidente foi “a maior honra de sua vida”, apontando realizações secundárias de seu mandato, Biden que viu anos de crescimento pífio dos Estados Unidos, mergulhou o país e levou junto os submissos governos europeus em uma guerra de sanções contra a Rússia, abriu guerra comercial com a China e participou de forma indireta cm milhares de toneladas de bombas para armar o genocídio de Israel contra o povo palestino em Gaza, afirma agora que reconhece que sua desistência é o melhor que pode fazer pelo país.

Ao desistir de sua candidatura, Biden sinalizou reforço a uma das possíveis opções na candidatura democrata, sua vice Kamala Harris, a qual, segundo Biden tem sido “uma parceira extraordinária” e, em postagem pelo X, declarou seu “pleno apoio à indicação de Kamala por ser a indicada pelo nosso partido este ano”.

E finalizou com o chamado: “Democratas, chegou a hora de nos unirmos para derrotar Trump. Vamos fazer isso”.  

Biden declarou que pretende permanecer no posto até o final de seu mandato em janeiro de 2025 e que dedicará todas as energias ao melhor desempenho deste mandato.

Disse ainda que vai fazer um pronunciamento à nação durante a semana com “mais detalhes sobre minha decisão”.

No começo, foram alguns congressistas, depois, os doadores, e logo a grita chegou aos mais altos escalões. Os líderes democratas na Câmara e no Senado – Hakeem Jeffries e Chuck Schumer – disseram diretamente a Biden que ele não só perderia a Casa Branca, mas também colocaria em risco os esforços do partido para reconquistar a Câmara.

O ex-presidente Obama disse a pessoas de seu entorno que Biden deveria reconsiderar sua candidatura à reeleição, revelou o jornal The Washington Post. Obama acha que as chances de vitória de Biden, de 81 anos, diminuíram e que ele deveria “considerar seriamente a viabilidade de sua candidatura”, conforme fontes próximas ao ex-presidente.

A CNN já tinha revelado na quinta-feira outra conversa privada entre Pelosi e Biden ocorrida na semana passada e na qual a veterana congressista alertou o presidente que perderia as eleições para a Casa Branca e arrastará o Congresso com ele.

Mostrando que os republicanos não pretendem arrefecer no baixo nível usado até aqui durante a atual campanha presidencial, o presidente do Comitê Nacional Republicano, Richard Hudson, chamou a desistência de Biden de “escândalo de proporções históricas” e destilou mais veneno: “Nosso presidente está incapacitado. Os democratas sabiam disso e mentiram ao povo norte-americano para encobrir isso”.

“Se o presidente é mentalmente inadequado para a campanha, é mentalmente inadequado para ter os códigos nucleares”, verberou Hudson.

Como se as mentiras de Trump sobre o escandaloso ataque ao Capitólio e sua negativa em reconhecer a derrota em 2020, e acerca das dezenas de fraudes pelas quais tem sido incriminado, o ódio racista durante a campanha atual voltado contra os imigrantes, ou escondendo haver incendiado o país através do preconceito racial contra os negros, durante seu mandato, lhe dessem qualquer condição de presidir o país.   

Como se a demência fascista de Trump não tivesse importância ameaçadora para os EUA, um dos assessores do candidato republicano partiu para o ataque: “todo o partido Democrata tem sido cúmplice em esconder a demência senil de Joe Biden por quatro anos”.   

A pressão sobre Biden vinha se acelerando nos últimos dias, com cada vez mais figurões democratas, do porte do ex-presidente Barack Obama, da ex-presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e do líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, sinalizando ao atual presidente que ele precisaria abrir mão da candidatura, o que só se tornou mais urgente após o atentado contra Trump e o proveito que este está tirando disso.

Pesquisa recente apontara que 72% dos norte-americanos entrevistados queriam a desistência de Biden.

Fonte: Papiro