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A concessionária privada Supervia afirma que só tem mais 2 meses de caixa para gerir o sistema de trens do Rio de Janeiro, mesmo cobrando uma das tarifas mais caras do país, R$ 7,10 e oferecendo péssimo serviço aos moradores do Rio e da Baixada Fluminense .

A tarifa da Supervia foi reduzida de R$ 7,40 para R$ 7,10 em janeiro, por decisão da Agência Reguladora de Transportes do Estado do Rio de Janeiro.

O governo do Estado diz que pretende assumir o serviço. De acordo com o secretário estadual de transportes, Washington Reis, em entrevista ao RJ2 que o governo quer reassumir a gestão dos trens, colocando fim à concessão que já dura mais de 25 anos.

“Estamos no passo a passo do serviço. É com a procuradoria. E temos que colocar essa empresa pra fora urgentemente. Por mim, ela não teria ficado um dia. Só que eu tenho que cumprir as leis e tenho que fazer o passo a passo. Mas estamos na reta final. Eu tô com muita fé que não pode passar do mes de junho”, disse ele.

Entretanto, a transferência de administração depende de uma decisão judicial. A justiça determinou que estado e Supervia sentem na mesma mesa no próximo dia 27, em mais uma tentativa de colocar os serviços dos trens nos trilhos.

A Justiça nomeou uma perícia independente para fazer um raio-x da situação financeira da empresa e também para apresentar um plano alternativo para que o serviço não seja afetado.

O estado afirma que não vai mais liberar dinheiro para a concessionária Para reaver a administração dos trens no Rio, a Secretaria dos Transportes ainda argumenta que a operação dos trens, que o contrato com a Supervia, que tinha duração de 25 anos, chegou ao fim e a empresa não cumpriu com obrigações, entre elas pagamentos e investimentos na estrutura.

Já a concessionária acusa o governo de não ter cumprido com repasses que estavam previstos no contrato.

As duas partes já discutem estes pontos no processo em que tramita a recuperação judicial da empresa. A Supervia afirma que o governo deve R$ 2,5 bilhões à empresa, enquanto o estado diz que a concessionária é quem deve cerca de R$ 3,5 bilhões.

“Eles não renovaram, não cumpriram com suas obrigações, com seus investimentos. Por isso que nos estamos na reta final de fazer essa intervenção, pedir sua caducidade”, acrescentou Reis.

Segundo a concessionária, parte da dívida que o estado tem com a empresa foi por perdas provocadas pela pandemia de Covid, entre ela que o governo não compensou perdas financeiras do período (R$ 701 milhões); e não reajustou as tarifas durante a pandemia de covid (R$ 257 milhões)

Além disso, a Supervia diz que o governo não pagou valores devidos por gratuidades (R$ 41 milhões) e que também teve R$ 191 milhões de prejuízo por problemas de segurança pública.

Para exemplificar, a empresa disse ainda que a violência no Rio provocou somente nos quatro primeiros meses deste ano, dez interrupções nos serviços por causa de tiroteios e que isso provocou uma perda de mais de 20 mil passageiros.

O secretário rebate: “Eles [estão] operando de forma irresponsável: sinalização ruim, muro quebrado. Reclamam da segurança, mas é culpa deles não ter nenhuma segurança de guarda civil armada da própria Supervia”, diz ele. O secretário afirma também que a empresa responsabiliza a questão de roubo de cabos por paralisações do sistema, o que segundo ele “nem sempre é verdade”.

Fonte: Página 8