Sonda chinesa inicia retorno à Terra com amostras do solo lunar
A sonda Chang’e-6 chinesa decolou com sucesso da superfície lunar carregando amostras coletadas do lado oculto do satélite terrestre, informou nesta terça-feira (4) a Administração Espacial Nacional da China (CNSA).
“A missão passou no teste de alta temperatura no outro lado da Lua”, confirmou a agência espacial chinesa, assinalando que a análise das amostras recolhidas permitirá aos cientistas “aprofundar a investigação da formação e evolução histórica da Lua”, disse o porta-voz da missão, Ge Ping.
Também fornecerá informações sobre “a origem do sistema solar (…) com uma melhor base para missões de exploração subsequentes”, acrescentou, informando que o país planeja enviar uma missão tripulada ao satélite em 2030.
A sonda Chang’e-6 foi lançada em 3 de maio e pousou com sucesso na zona planejada na Bacia Polo Sul-Aitken, para colher amostras nessa que é uma das maiores crateras conhecidas no Sistema Solar, com cerca de 2.500 km de diâmetro. A Chang’e-6 está composta por um orbitador, um módulo de retorno, um módulo de aterrissagem e um ascensor.
O módulo de pouso Chang’e-6 é equipado com vários instrumentos, incluindo uma câmera de descida, uma câmera panorâmica, um detector de estrutura do solo lunar e um espectrômetro mineral lunar que, ligados suavemente, executaram investigações científicas planejadas. Eles desempenharam um papel crucial na realização de tarefas como examinar a morfologia e a composição mineral da superfície lunar e detectar a estrutura rasa do subsolo da Lua.
Comparado com o lado próximo da Lua, o terreno do outro lado do satélite é mais acidentado. A área de pouso pré-selecionada no terreno da Bacia Pólo Sul-Aitken é mais baixa e há mais crateras de impacto, tornando a iluminação e a medição mais suscetíveis à obstrução do terreno. Isso aumentou a dificuldade de um pouso suave do Chang’e-6.
Durante o processo, os pesquisadores conduziram amostragens simuladas em um laboratório terrestre, com base nos dados de detecção enviados pelo satélite de retransmissão Queqiao-2, fornecendo um suporte importante para a tomada de decisões e operações em cada momento, informou a CNSA.
Os cientistas consideram que esta parte da Lua, nunca visível da Terra, tem um grande potencial para investigação porque as suas crateras não são tão cobertas por fluxos de lava antigos como as do lado mais próximo do planeta.
Chunlai Li — chefe adjunto da missão nos Observatórios Astronômicos Nacionais em Pequim — anunciou que “o processo de amostragem decorreu muito bem” e que as amostras consistirão principalmente de basaltos, que é um tipo de rocha ígnea eruptiva resfriada de cor escura. Material semelhante já foi trazido de volta à Terra para análise do lado próximo da Lua.
A idade desses basaltos é estimada em cerca de 2,4 bilhões de anos!
A China tornou-se o único país do mundo que pousou duas vezes no lado oculto da Lua. Esta é também a primeira vez que os humanos coletaram materiais do solo dessa região do satélite. Esta conquista “histórica” e “notável” da China não representa apenas o avanço tecnológico da China no setor aeroespacial, mas também significa que acrescentou uma peça importante do quebra-cabeça para a exploração lunar humana, afirmou a CNSA.
Após a conclusão da amostragem, a bandeira nacional chinesa foi hasteada pela primeira vez no lado oculto.
O Chang’e-6 também transportou cargas internacionais da Agência Espacial Europeia (ESA), França, Itália e Paquistão, o que destaca o “estilo internacional” do projeto de exploração lunar da China.
A combinação orbitador-retornador aguardará o momento certo para ser transferida de volta para a Terra. Perto da Terra, o veículo de retorno entrará novamente na atmosfera carregando as amostras lunares, com planos de pousar no local da Bandeira de Siziwang, na Região Autônoma da Mongólia Interior, no norte da China. A data da chegada ainda não foi divulgada.
Fonte: Papiro