Sindicalistas palestinos e representantes do jornalismo mundial presentes na homenagem aos jornalistas palestinos | Foto: NUJ

Na comemoração do centenário dos Sindicato dos Jornalistas Palestinos, foi inaugurado um monumento em homenagem aos 140 jornalistas assassinados desde o começo da guerra de extermínio movida pelo governo de Netanyahu.

“Este monumento é para os soldados que não carregam armas, que levam a verdade ao mundo e que sacrificam as suas vidas no processo”, disse Nasser Abu Baker presidente do sindicato.

Na ocasião, se reuniram em Ramala, de 28 a 30 de maio, 8 líderes sindicais da Federação Sindical Global (Global Union Federations – GUF) e da Confederação Sindical Internacional (International Trade Union Confederation – ITUC) para mostrar solidariedade com o povo palestino sob agressão genocida de Netanyahu.

“A verdade é que, apesar do agravamento atual, não há nada de novo no fato de soldados israelenses atirarem em jornalistas palestinos. O caso mais conhecido antes da agressão de agora é o de Shireen Abu Akleh, mas há muitos mais”, afirmou Tim Dawson, vice-secretário geral da Federação Internacional de Jornalistas, que participou da delegação de sindicalistas.

Luc Triangle secretário geral do Congresso Sindical Internacional, destacou que sente “no ar a humilhação diária que vocês vivem. Posso ver o desrespeito e a agressão que vocês sentem diariamente e a raiva que isso inevitavelmente alimenta. As vidas dos trabalhadores palestinos são claramente insuportáveis”.

Em defesa do jornalismo exercido sob fogo pelos jornalistas palestinos o membro do Secretariado do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, Wisam Zoghbour, falou desde a Gaza sob bombardeio em mensagem aos jornalistas brasileiros por ocasião do relançamento do livro “Genocídio Isola Israel: Desafio é Criar o Estado da Palestina”, de Nathaniel Braia e Nilson Araújo de Souza, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo.

Na ocasião, Wisam destacou os crimes de Israel contra o jornalismo, afirmando que “cento e quarenta jornalistas foram assassinados pelas forças de ocupação, a sangue frio, e dezenas de jornalistas ficaram feridos, mas suas feridas não os impediram de continuar seu trabalho”. 

“Enquanto isso”, prosseguiu, “as forças de ocupação continuam a política de desaparecimento forçado de dezenas de jornalistas e impedem a divulgação das circunstâncias de suas prisões. As forças de ocupação destruíram cerca de 88 instituições e escritórios de mídia, e 80 casas pertencentes a jornalistas, resultando na morte de cerca de 30 familiares de jornalistas. Continuam a privar os jornalistas palestinos de equipamentos de segurança, como coletes à prova de balas e capacetes, e impedem a entrada de jornalistas estrangeiros na Faixa de Gaza”. 

Para o sindicalista que atua em Gaza, a perseguição aos jornalistas é uma forma de evitar as denúncias dos crimes de guerra cometidos por Israel. Wisam destacou que “o Sindicato dos Jornalistas Palestinos continuará apoiando os profissionais do setor com todos os recursos disponíveis, documentando os crimes contra eles e acompanhando-os no Tribunal Penal Internacional até que os criminosos de guerra sejam responsabilizados e obrigados a respeitar o direito internacional e a Carta dos Direitos Humanos, proporcionando proteção internacional para os jornalistas”.

A delegação internacional de sindicalistas também esteve em uma reunião com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.

“Vocês podem ver por si próprios as injustiças que os palestinos têm de enfrentar, devido à contínua agressão israelense contra a nossa terra e o nosso povo na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. Estamos orgulhosos da sua solidariedade para com o nosso povo e os trabalhadores contra a injustiça e a agressão sem precedentes que enfrentam”, disse Abbas para a comitiva.

Ele também defendeu a criação do Estado Palestino como forma de resolver o conflito: “Fazemos parte da comunidade internacional e cumprimos as nossas obrigações. Queremos que mais países reconheçam o Estado da Palestina. Por este meio, estendo a minha gratidão à Espanha, à Noruega e à Irlanda. Apelamos a todos os países para que nos reconheçam enquanto Estado, incluindo o conjunto dos países da União Europeia”.

A ida de uma delegação sindical com esta dimensão a Ramallah é da maior importância porque a mobilização dos trabalhadores em todo o mundo no processo de boicote e desinvestimento em Israel pode ter papel decisivo em obrigar o governo de opressão e extermínio recuar ou vir abaixo. Exemplo disso é a recente recusa de portuários da Espanha e da Grécia em embarcar munição e armas em navios com destino a Israel.

Fonte: Papiro