Foto: João Paulo Cegisnky/Petrobrás

A produção industrial brasileira recuou 0,5% em abril deste ano frente ao mês de março, quando registrou alta de 0,9%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (5). O resultado interrompe dois meses consecutivos de crescimento da produção, em que acumula alta de 1%, e afasta o setor de recuperar perdas obtidas em janeiro deste ano, época em que a produção física recuou 1,3%.

De acordo com IBGE, o recuo da produção industrial no quarto mês deste ano se deu pelos impactos negativos vindos da produção da indústria extrativa, que caiu 3,4% no resultado geral. Além disso, também influenciaram negativamente a produção de alimentos (-0,6%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,6%) e de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2,6%).

Já a indústria de transformação teve resultado positivo de 0,3%, mas apresentou uma desaceleração após alta de 0,8% em março. O setor, responsável por cerca de 85% da indústria brasileira, de dezembro de 2023 até abril deste ano, acumula uma expansão de 2,3%.

Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial, “foi um resultado mais fraco do que o de mar/24 (+0,8%), mas esta parcela da indústria vem conseguindo evitar perdas há sete meses consecutivos, o que é uma mudança de padrão em comparação ao que vimos no ano passado”.

O Iedi avalia que “não parece haver uma interrupção dos progressos obtidos no primeiro trimestre de 2024, do ponto de vista tanto da produção como do valor adicionado, como mostraram os dados do PIB divulgados ontem para a indústria de transformação: +0,7% com ajuste sazonal”.

A manutenção, assim, com a melhora do crescimento da indústria manufatureira corre risco com a manutenção dos juros em patamares elevados, conforme alertou a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ao analisar o resultado do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre deste ano: “Indústria de transformação volta a crescer, mas possibilidade de taxa Selic terminal mais alta é fator de risco para a continuidade do bom desempenho do setor”.

Segundo a entidade, “Juros estacionados em níveis restritivos podem dificultar a trajetória da recuperação dos setores mais sensíveis aos juros, os quais foram os mais afetados pelo último ciclo de aperto monetário”.

O mercado financeiro, com apoio do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, pressiona para barrar a continuidade de redução da taxa básica de juros da economia (Selic) neste ano. E pressiona por apenas mais um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, em meado de junho, o que reduziria a taxa dos atuais 10,5% para 10,25%, ficando fixada neste nível até o fim deste ano, segundo as projeções dos bancos e instituições financeiras no boletim Focus do BC.

Com a Selic acima de dois dígitos no ambiente de baixa inflação em que o país se encontra hoje, o BC seguirá impondo uma alta carga de juros reais (descontada a inflação) aos setores produtivos, travando o avanço dos investimentos no país e o consumo das famílias.

Em abril, entre as quatro grandes categorias econômicas de produção, Bens de Capital (3,5%) e Bens de Consumo Duráveis (5,6%) apontaram expansão na produção. Já a produção Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis (0,1%) ficou estagnada e a de Bens Intermediários recuou (-1,2%).

Apesar do crescimento em abril, a produção de Bens de Capital acumula uma queda de 7,8%, no observado dos últimos doze meses até abril. Este é um dos segmentos da indústria mais sensíveis ao custo do crédito.

Na passagem de março para abril, ainda, 18 das 25 atividades industriais pesquisadas apontaram expansão na produção. As influências positivas mais importante sobre o total da indústria vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (13,2%), produtos diversos (25,1%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (10,8%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (9,0%), máquinas e equipamentos (5,1%), produtos químicos (2,2%), manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (8,7%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (5,3%), entre outros.

Com o resultado de abril, a produção industrial se encontra 0,1% abaixo do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 16,8% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011, conforme a série histórica da pesquisa.

Fonte: Página 8