Pouso de sonda torna a China o 1º país com material do lado oculto da Lua
A sonda chinesa Cháng’e-6 pousou em segurança na região autônoma da Mongólia Interior, na terça-feira (25), completando uma missão de 53 dias e trazendo à Terra pela primeira vez na história da humanidade amostras do subsolo recolhidas no lado oculto da Lua.
“A missão de exploração lunar Chang’e-6 foi um sucesso total”, afirmou Zhang Kejian, chefe da Agência Espacial Nacional da China (CNSA), assinalando que a cápsula de retorno pousou precisamente na área designada, às 14h07 (horário de Pequim), operando normalmente.
“A missão Chang’e-6 representa um marco significativo na história da exploração lunar humana e contribuirá para uma compreensão mais abrangente da evolução lunar e sobre como os planetas são formados”, apontou Yang Wei, pesquisador do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências.
O chamado lado oculto — a face do satélite que não é visível da Terra — é tecnicamente difícil de alcançar devido à distância e seu terreno acidentado, com crateras gigantes e poucas superfícies planas.
Os cientistas apontam que este lado menos explorado possa conter vestígios de gelo, que poderia ser usado para obter água, oxigênio e hidrogênio a serem usados possivelmente no futuro na criação de uma base para exploração de outros corpos celestes. Tem ainda amostras de basaltos, que é um tipo de rocha ígnea eruptiva resfriada de cor escura. Material semelhante já foi trazido de volta à Terra para análise do lado próximo da Lua. A idade desses basaltos é estimada em cerca de 2,4 bilhões de anos.
O presidente chinês, Xi Jinping, deu os parabéns pelo sucesso total da missão Chang’e-6, que trouxe de volta as primeiras amostras do mundo coletadas do outro lado da lua. Isso marca “outra conquista histórica no esforço da China para se tornar uma potência espacial e de ciência e tecnologia”, observou Xi.
Na carta de felicitações, o presidente também enfatizou a esperança de fortalecer o intercâmbio e a cooperação internacionais na realização de grandes projetos de engenharia aeroespacial, incluindo explorações do espaço profundo.
A sonda será enviada para Pequim, capital chinesa, onde as amostras serão entregues a uma equipe de cientistas para posterior armazenamento, análise e estudo, explicou o CNSA.
A sonda usou uma furadeira e um braço robótico para coletar amostras do solo e de rochas, tirou algumas fotos da superfície lunar e fincou uma bandeira chinesa.
O módulo de pouso Chang’e-6 é equipado com vários instrumentos, incluindo uma câmera de descida, uma câmera panorâmica, um detector de estrutura do solo lunar e um espectrômetro mineral lunar que, ligados suavemente, executaram investigações científicas planejadas. Eles desempenharam um papel crucial na realização de tarefas como examinar a morfologia e a composição mineral da superfície lunar e detectar a estrutura rasa do subsolo da Lua.
Comparado com o lado próximo da Lua, o terreno do outro lado do satélite é mais acidentado. A área de pouso pré-selecionada no terreno da Bacia Pólo Sul-Aitken é mais baixa e há mais crateras de impacto, tornando a iluminação e a medição mais suscetíveis à obstrução do terreno. Isso aumentou a dificuldade de um pouso suave do Chang’e-6.
Durante o processo, os pesquisadores conduziram amostragens simuladas em um laboratório terrestre, com base nos dados de detecção enviados pelo satélite de retransmissão Queqiao-2, fornecendo um suporte importante para a tomada de decisões e operações em cada momento, informou a CNSA.
O objetivo do país asiático é enviar uma missão tripulada à Lua até 2030 — e, por fim, construir uma base no polo sul lunar.
Fonte: Papiro